Fabricante de cosméticos confirmou que negocia a compra da rival norte-americana.
Em duas horas de pregão os investidores da fabricante de cosméticos Natura passaram da depressão à euforia. A companhia confirmou que está negociando a compra concorrente norte-americana Avon, por meio de uma troca de ações.
A notícia fez os papeis da companhia brasileira abrirem em queda de 3% nos primeiros minutos de negociação nesta quarta-feira, enquanto, na bolsa de Nova York, os papéis da Avon chegaram a subir mais de 15% no início da negociação. Minutos depois, porém, enquanto a Avon manteve a alta, os papeis da Natura deram uma virada: às 12h subiam 5%.
A forte oscilação, segundo analistas ouvidos por EXAME, é reflexo da dúvida de analistas sobre o modelo de oferta feito pela companhia brasileira. Mais cedo, o jornal britânico Financial Times publicou que a Natura vai comprar a Avon em um acordo todo em ações que avalia o grupo norte-americano em mais de 2 bilhões de dólares.
Segundo o analista da consultoria Upside Investor, Shin Lai, o mercado demonstrou receio quanto aos termos do acordo com troca de ações, uma surpresa que veio à tona hoje. Daí a queda inicial. Mas os números estão a favor da companhia brasileira. Os papéis da Natura acumulam alta de 35% desde a confirmação das negociações, em 22 de março de 2019, enquanto a Avon avançou 4,6%. Ou seja: mesmo com a desvantagem cambial, a Natura está num bom momento para trocar ações com a companhia americana especializada em vendas diretas.
As ações da Natura chegaram a cair cerca de 7% no dia em que a brasileira comunicou pela primeira vez o interesse em adquirir a rival. A desconfiança por parte dos investidores se deve, entre outras coisas, ao atual quadro financeiro da Avon, que em seus tempos dourados chegou a valer 20 bilhões de dólares e hoje tem seu valor de mercado reduzido a 1,4 bilhão de dólares. A Natura vale 26 bilhões de reais, perto de seu pico histórico e com alta de 200% desde o final de 2015.
Entraves a caminho?
O negócio com a Avon mira o mercado internacional. Após ter adquirido outra multinacional, a The Body Shop, em 2017, a Natura agora tenta expandir o peso de seus cosméticos para outras partes do mundo. Mas a investida pode levantar bandeiras amarelas internamente.
Para o consultor especializado na área de cosméticos Cláudio Oporto um dos principais problemas para a fusão seria a questão concorrencial. “O tamanho que a nova empresa teria em alguns segmentos, como maquiagem e cuidados de pele, com mais de 50% de market share, poderia fazer com que os órgãos concorrenciais exigissem a venda de marcas importantes”, diz.
Fonte: Exame
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