‘Bom Sucesso’ é exemplo de novela de ótimo texto com audiência alta

Folhetim de Rosane Svartman e Paulo Halm é um alento diante de textos de novelas sem o menor cuidado, sutileza ou refinamento.

Bom Sucesso, a novela das sete da Globo, consegue a façanha de agradar público e crítica o que tem se tornado cada vez mais raro. Os elogios mais recorrentes são ao texto e à trama, escrita de forma delicada sem abrir mão dos apelos folhetinescos que fazem a festa dos noveleiros.

A produção tem se mantido na média de 30 pontos no Ibope da Grande São Paulo – já são quase 4 pontos a mais que a média geral da antecessora, Verão 90. É a maior audiência no horário das sete em sete anos, desde Cheias de Charme (veja quadro abaixo). E, pelo andar da carruagem, periga fechar com uma média ainda maior que a da novela das Empreguetes.

Em pleno mês de outubro, a trama de Bom Sucesso perpassa as festas de fim de ano, bagunçando a cronologia do público e até suscitando discussões. É inédito: nunca antes acompanhamos em uma novela o desenrolar de uma semana de Natal em uma época que não fosse o Natal. O que já aconteceu foi uma ou outra sequência natalina rápida para sinalizar o tempo para o público  como no início de Laços de Família, novela que estreou em junho de 2000 em ritmo de festas de fim de ano, mas logo teve uma passagem de tempo para a sua atualidade.

Esse ineditismo causou um nó na cabeça do telespectador, muito acostumado a só ver tanta comemoração de Natal (decoração de árvore, preparação de ceia, troca de presentes) apenas em um ou dois capítulos durante a semana de Natal. Porém, há um lado bom: com texto repleto de (bom) sentimentalismo, os capítulos ficaram mais bonitos – se tivesse sido em pleno Natal, passaria despercebido pelo público ou porque a audiência despenca, ou porque todos estão há semanas se preparando para a data e as referências resvalam no lugar comum (passam batido).

O Natal em Bom Sucesso trouxe ainda um momento muito aguardado pelo público: a reconciliação de Alberto (Antônio Fagundes) e Paloma (Grazi Massafera), em uma sequência delicada que referencia um clássico da literatura universal: Um Conto de Natal, de Charles Dickens. Foi uma catarse!

Esse Natal fora de época de Bom Sucesso ressalta ainda mais o ótimo texto da novela. Outro forte apelo é o incentivo à leitura, por meio não somente das inúmeras referências a obras literárias, muito bem pontuadas na trama, como também pela dramatização lúdica dessas obras, com os personagens vivendo o que leem ou citam nos livros – como na cena em que Alberto vivencia Um Conto de Natal e reencontra Paloma.

Bom Sucesso é um alento diante de textos de novelas sem o menor cuidado, sutileza ou refinamento que alcançam ótimas audiências. E um alento diante da onda de descaso à educação, à cultura e às artes que assola o país. A novela de Rosane Svartman e Paulo Halm consegue agradar a todos com qualidade. E – vejam só! – ainda lembra o público de que o espírito natalino independe de época e pode ser praticado o ano todo!

Até o momento, Bom Sucesso acumula 30 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Veja as médias finais das audiências das novelas antecessoras no horário das sete:

Verão 90: 26
O Tempo Não Para: 24
Deus Salve o Rei: 26
Pega Pega: 29
Rock Story: 26
Haja Coração: 27
Totalmente Demais: 27
I Love Paraisópolis: 23
Alto Astral: 22
Geração Brasil: 19
Além do Horizonte: 20
Sangue Bom: 25
Guerra dos Sexos: 23
Cheias de Charme: 30

Fonte: huffpostbrasil

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