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Polícia investiga morte de cirurgião; corpo foi encontrado na frente do Hospital do Fundão

A família do cirurgião Rodrigo Martinez, que buscava por ele a  três dias.

O corpo de um médico de 39 anos, que desapareceu na última sexta-feira, foi encontrado às margens da Linha Vermelha, na altura do Hospital Universitário da UFRJ, onde ele trabalhava, no sábado. A família do cirurgião Rodrigo Martinez, que buscava por ele com a ajuda de amigos e mensagens compartilhadas por redes sociais, no entanto, só localizou o corpo três dias depois, na segunda-feira, ao recorrer ao Instituto Médico Legal. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) investiga o caso e, de acordo com a assessoria da Polícia Civil, “a perícia realizada não encontrou sinais externos de violência”.

Rodrigo Martinez se formou em Medicina pela UFRJ em 2002. Ao se candidatar para o mestrado, foi dispensado porque já havia publicado trabalhos quando ainda cursava a faculdade, e ingressou diretamente no doutorado. Ao terminar a residência em Cirurgia Geral, passou no concurso para professor adjunto do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Rodrigo também era cirurgião do Hospital Universitário do Fundão, onde atuava no programa de transplante de fígado. O médico, que era solteiro e não tinha filhos, trabalhava ainda no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá e no Hospital da Amil, no Méier. Na sexta-feira, a última notícia que a família e amigos tinham dele é que ele havia realizado uma cirurgia.

O enterro da vítima aconteceu nesta quarta-feira, às 14h30, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Vários alunos de Rodrigo compareceram e fizeram homenagem ao professor, que foi paraninfo de pelo menos oito turmas. O irmão do médico, Diogo Martinez, contou que a família procurou por Rodrigo em hospitais durante dois dias, depois que colegas do Hospital do Fundão ligaram para a casa dos pais dele:

Rodrigo passaria visita em pacientes internados no sábado, mas não apareceu. Ligaram para a casa dos meus pais procurando por ele. Começamos a procurá-lo em hospitais. Apenas no dia 4, na segunda-feira, fomos ao IML. Ele foi encontrado sem nenhum documento e costumava andar com bastante dinheiro porque, desde que vendeu o carro, só se locomovia de táxi.

Segundo Diogo, a família acredita que Rodrigo tenha sido vítima de um mal súbito.

Nossa família tem histórico de doença cardíaca. Por isso, sempre tivemos essa preocupação, mas ele não se cuidava. Ainda não sabemos exatamente o que aconteceu, mas, a princípio, o que nos foi passado pelo IML é que foi uma morte súbita. Ele foi encontrado bem próximo ao Hospital Universitário contou o irmão da vítima.

Aluno prodígio e cirurgião de destaque

O cirurgião torácico Rodrigo Felipe Marques, de 39 anos, que cursou a faculdade e a residência em Cirurgia Geral com Martinez, contou que o amigo sempre foi um aluno prodígio e, mesmo antes de se formar, já se preparava para o mestrado e doutorado, porque queria seguir a carreira acadêmica.

Rodrigo é uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. Ele era brilhante, fora da curva. Ainda na faculdade, ele já sabia que queria ser professor. Tinha o dom de ensinar, grande sensibilidade para transmitir conhecimento de forma simples. Era muito querido por pacientes e alunos – disse o médico, que hoje mora em Brasília.

Ao término da residência em Cirurgia Geral, Martinez foi convidado para ingressar no programa de transplante hepático do Hospital Universitário.

Os cirurgiões que se destacam são convidados. A área de transplante é mais difícil que a carreira normal e exige dedicação. Muitas vezes, a operação dura a madrugada toda e, no dia seguinte, é preciso estar lá, operando de novo – disse Marques.

Diogo contou que o irmão sempre quis ser médico. Por volta dos 15 anos, já manifestava o desejo de seguir a profissão, “motivado pelos desafios”:

Rodrigo era uma pessoa tímida e retraída, mas quando fazia amizade, era brincalhão e bem humorado. A maioria das coroas de flores enviadas para o velório era de alunos e ex-alunos.

Em mensagem enviada a amigos e colegas de Rodrigo por uma rede social, o irmão do médico pediu orações: “Fui eu quem o encontrou no IML, fiz a liberação do corpo e posteriormente o reconhecimento. A declaração da morte aconteceu no dia 02.03.2019, e eu o encontrei somente ontem (04.03.2019), no IML. Aos meus olhos de leigo, fica difícil diferenciar putrefação de quase três dias no calor do Rio de Janeiro de eventuais marcas de violência, mas o legista me garantiu que os sinais que me impressionaram eram de putrefação. Vou buscar mais informações sobre o que aconteceu, e os deixo informados, mas pelo momento, peço que orem pela alma dele, e que deixemos imortalizada a imagem de grande cirurgião, professor, amigo e irmão que incontestavelmente ele construiu”.

O Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) divulgou uma nota de pesar, lembrando como Rodrigo se dedicava à educação médica e era querido por seus alunos. Apesar da pouca idade, foi professor homenageado de várias turmas de formandos da UFRJ.

A nota assinada por José Marcus Raso Eulálio, vice-presidente do Núcleo Central do CBC afirma: “É com profundo pesar, que o Núcleo Central informa aos membros do CBC o falecimento precoce do seu colaborador, Dr. Rodrigo Martinez. Rodrigo se formou na UFRJ, e por seu brilhantismo, iniciou carreira docente naquela universidade logo após o término da sua residência em Cirurgia Geral. Em 2018, como Assessor do Núcleo Central, participou da organização dos cursos de educação continuada e do Congresso bianual do Núcleo Central. Por sua dedicação aos alunos, foi professor homenageado de várias turmas de formandos. Com sua partida, perdemos um profissional com vocação verdadeira para o ensino de cirurgia. Fica o exemplo da determinação de quem sempre acreditou na educação médica como o elemento fundamental e transformador da nossa classe. Nossos sinceros sentimentos à família e a todos que puderam conviver com o querido amigo, professor e cirurgião Rodrigo”.

Fonte: Jornal Extra

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