É coisa recente porque as cédulas não estão descoloridas nem desbotadas.
“É a maior lavagem de dinheiro de todos os tempos”, brincam os pescadores, no quinto dia de buscas ao “tesouro” que brotou no fundo do mar da Urca. Enquanto a 10ª DP (Botafogo), segundo nota da assessoria da Polícia Civil, faz diligências para investigar a origem das cédulas, pescadores e mergulhadores acreditam que o dinheiro tenha vindo dos iates ancorados no clube ao lado.
— Todo mundo acha que foi alguém querendo se livrar do dinheiro. Por causa da Polícia Federal, jogou no mar e agora apareceu. Isso vem dos iates — conta Handerson Moreira, de 42 anos.
O oceanógrafo David Zee concorda que o dinheiro tenha sido lançado nas águas:
— Existem várias fontes de lançamento, a murada ou as embarcações. Esse dinheiro não foi perdido sem querer. Do esgoto, não veio, estaria embolado. Isso foi um grande pacotão de dinheiro lançado no fundo do mar e que aos poucos começou a se desmanchar nas águas.
Zee não acredita que o tesouro da Urca tenha sido ‘perdido’:
— Ninguém que perdesse o dinheiro ia deixar por isso mesmo. Faria buscas, faria um escândalo. Até agora ninguém reclamou esse dinheiro. O cara que jogou quis se livrar.Como na Urca tem muita pedra e muitos mergulhadores, mais gente vai mineirando a água para “caçar o tesouro”. Mas a origem é dali mesmo. É coisa recente porque as cédulas não estão descoloridas nem desbotadas.
O esgoto produzido na Urca é enviado ao emissário submarino. Não é despejado no mar do bairro. As galerias pluviais, que lançam águas da chuva, saem na orla, mas especialistas acreditam que o montante de notas é muito volumoso para ter vindo por elas.
Apelidada de “Píer do Cabral”, por causa da teoria de que o dinheiro viria de propina da Lava-Jato, a ponte em cima do Quadrado da Urca vive lotada de curiosos. Mas quem busca as notas tem se decepcionado: as cédulas já têm aparecido rasgadas.