Instalados em 103 favelas, entre maio e julho, 105 itens desapareceram de 43 regiões, como amplificadores, baterias e cabos, avaliados em R$ 90 mil.
A Defesa Civil do município do Rio tem mais um motivo para ficar em alerta: além das chuvas que colocaram parte da cidade debaixo d’água ontem, o alto índice de furtos de equipamentos do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário da Prefeitura do Rio. Instalados em 103 comunidades, entre os meses de maio e julho, 105 itens desapareceram de 43 regiões, como amplificadores, baterias e cabos, avaliados em R$ 90 mil. Os casos foram registrados e estão sendo investigados pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) desde junho.
A especializada reuniu 13 inquéritos sobre as ocorrências que estavam espalhados em delegacias distritais. Um ex-funcionário da empresa Squitter Equipamentos Profissionais do Brasil, responsável pela manutenção, é investigado como suspeito. Em nota, a Defesa Civil do município garante que todos os itens foram recolocados pela Squitter por força do contrato. O órgão alegou ainda que o sistema não chegou a ser prejudicado, já que não houve registro de chuvas que necessitassem do acionamento das sirenes.
O diagnóstico dos furtos é feito quando o conjunto de sirene passa a constar como off line, ou seja, desligado no Sistema de Alarme do Rio, que funciona no Centro de Operações. São 165 sirenes e 194 pontos de apoio implantados desde 2011. As denúncias sobre o desaparecimento dos equipamentos em comunidades como o Juramento e Engenho da Rainha, na Zona Norte; São Carlos, no Estácio; Complexo do Alemão, na Penha, e Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, foram feitas pela Geo-Rio e pelo chefe da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Márcio Moura Motta.
Nos últimos fins de semana, foram feitos testes nos locais onde os furtos ocorreram e as sirenes estão funcionando. Nas investigações já foram ouvidas pelo menos cinco testemunhas sobre os casos. Uma delas ajudou a identificar um dos suspeitos em relação ao desaparecimento de oito amplificadores, no Morro do Juramento.
Após as chuva de 2010, levantamento de uma empresa, a pedido da prefeitura, apontou que 95 mil pessoas vivem em casas em áreas de alto e médio risco de deslizamentos. O ‘Mapa de Susceptibilidade a Escorregamentos’ deu origem ao ‘Inventário de Risco’. As comunidades mapeadas têm sete mil representantes capacitados pela Defesa Civil para atuar em emergências até a chegada dos técnicos.
Passeio, Lapa e Catete: os mais afetados
Depois de uma madrugada de chuva forte, o carioca enfrentou transtornos durante todo o dia de ontem em diversos pontos. Alguns bairros amanheceram alagados e a cidade ficou em estágio de atenção por seis horas e meia. Os bairros do Catete, Centro e Lapa tiveram ruas interditadas por causa dos bolsões d’água. Houve deslizamento de terra no Morro dos Prazeres, no Rio Comprido. Ninguém ficou ferido. Mas moradores de área próxima tiveram que deixar suas casas.
No Catete, passageiros que desembarcaram da estação do metrô ficaram ilhados, com as vias próximas à saída completamente debaixo d’água. Segundo o Metrô Rio, o acesso B da Estação Catete precisou ser fechado. Até o final da tarde, de acordo com o Centro de Operações Rio, 13 vias estavam total ou parcialmente alagadas.
Equipes trabalharam durante o dia para o escoamento na Rua do Passeio, no Centro. Equipes da Cet-Rio e da Guarda Municipal atuaram na orientação do trânsito na região.
Para Rafaela Macedo, que estuda na escola de música da UFRJ, no Passeio, chegar e sair da aula ontem foi complicado. “Tive que entrar pelo portão traseiro do prédio. Não sabia que estava tão alagado. Na saída, tive que andar uns 500 metros até o próximo ponto, porque onde costumo pegar, estava inviável”, disse.