Escolha de parlamentar com sólida trajetória na segurança pública reforça peso técnico e experiência no comando da investigação legislativa.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta sexta-feira (7) o nome do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator da CPI Antifacção, criada para debater e propor medidas de combate ao crime organizado no país. A indicação foi vista como um movimento de fortalecimento técnico da comissão, diante da trajetória de Derrite, capitão da reserva da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário estadual de Segurança Pública.
A escolha ocorre em meio à tramitação do projeto de lei antifacção, apresentado pelo governo federal após a operação que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro, e que deve se transformar no Marco Legal do Combate ao Crime Organizado. Motta destacou que a designação de um parlamentar com “amplo conhecimento operacional e formação técnica” visa assegurar um debate aprofundado e apartidário sobre o tema.

Perfil técnico e experiência de campo
Com quase duas décadas de atuação na Polícia Militar, Guilherme Muraro Derrite ingressou na corporação em 2003 e passou por unidades de elite, como a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), onde comandou pelotões entre 2010 e 2013. Foi também oficial do Corpo de Bombeiros e instrutor do Curso de Formação de Soldados, colaborando diretamente na formação de mais de mil policiais.
Na vida acadêmica, o parlamentar possui bacharelado em Ciências Policiais e Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, bacharelado em Direito e pós-graduação em Ciências Jurídicas pela Universidade Cruzeiro do Sul, além de ser mestrando em Políticas Públicas no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).

Reação política e debate no Congresso
A decisão de Motta provocou reação imediata entre integrantes da base governista. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), classificou a nomeação de Derrite como um “desrespeito” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que se trata de uma “provocação política” por entregar um projeto prioritário do governo a um aliado do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Apesar das críticas, a escolha é vista por analistas como um reconhecimento da importância da experiência prática em segurança pública na condução de uma pauta tão sensível. Derrite, que reassumiu o mandato parlamentar após deixar a Secretaria de Segurança de São Paulo, deverá imprimir à relatoria um olhar técnico e estratégico sobre o enfrentamento ao crime organizado, dialogando com especialistas, órgãos policiais e representantes dos três poderes.
Experiência e técnica no centro do debate
A presença de um profissional com histórico de campo na segurança pública representa, segundo aliados de Motta, “um divisor de águas” na forma como o Congresso aborda o tema. O relator deverá priorizar critérios de eficiência, integração e inteligência policial nas propostas da CPI, buscando consolidar um modelo nacional de combate às facções com foco na prevenção, rastreabilidade financeira e fortalecimento das polícias estaduais.
A expectativa é que o relatório preliminar seja apresentado ainda em dezembro, abrindo caminho para uma legislação robusta que modernize o sistema de enfrentamento ao crime organizado — um desafio que, segundo Motta, “transcende governos e ideologias, exigindo compromisso técnico e institucional”.

Rede TV Mais A Notícia da sua cidade!
