Anônimos picham muros da cidade em alerta a impunidade.
A morte do vereador Geraldo Cardoso Gerpe (PSB), conhecido como Geraldão, que recolocou a política da cidade de Magé na pauta jornalística policial em janeiro deste ano, por conta da violência contra parlamentares, é cobrada silenciosa e anonimamente pela população da cidade.
Geraldão foi décimo político assassinado no município desde 1997, um recorde brasileiro. O Parlamentar foi morto por volta das 22h da quarta-feira de 13 de janeiro de 2016, no estacionamento da Câmara Municipal, alvo de um tiro na cabeça e no ombro. Ele estava à frente de uma das Comissões Especiais de Inquérito (CEIs) que investigam irregularidades na gestão do prefeito Nestor Vidal (PMDB), e era responsável pela apuração de problemas nas folhas de pagamentos de supostos funcionários fantasmas contratados pela prefeitura.
A polícia civil do Rio de Janeiro, DHBF, responsável pelas investigações que levaram ao assassinato do parlamentar, ainda não divulgaram qualquer pista que possa levar aos autores do crime. Quatro meses se passaram e a cena do crime continua intacta na Câmara Municipal. O carro blindado do parlamentar continua no mesmo local, debaixo de uma amendoeira, acumulando poeira no pátio do estacionamento. O acesso ao gabinete do vereador, que tem em seu interior pertences de funcionários, da viúva e pessoas que frequentavam o local, continuam sob a guarda da polícia.
Nas ruas da cidade, vários pontos dos diversos distritos, pichações estampam a perplexidade da morosidade da justiça em apurar o terrível incidente, que deixou a população mageense preocupada com o destino da política local, fazendo com que alguns parlamentares revejam suas opções em disputar o cargo no legislativo.
Viúva escreve depoimento em rede social
No Facebook, a viúva de Geraldão, Thais Gerpe fez uma postagem em resposta as pichações e lamenta o episódio que feriu a população e manchou de sangue a história da cidade. Thais declara não ter ressentimentos dos possíveis autores do crime e comenta que quer seu coração livre de julgamentos, responsabilidade que aponta como prerrogativa da justiça.
Em relação as pichações, Thais Gerpe postou a mensagem abaixo reproduzida:
Não sei quem foi anjo que escreveu essa frase!
Mas digo que foi o anjo mais sensato desse mundo!
Realmente ele vive e vai continuar a viver em nossas memórias e corações!
Que Deus perdoe quem fez isso, ele não sabia o que fazia!
Mas aquele sangue não foi derramado em vão!!!
Aonde vc estiver te amarei !!!!
Magé continuará aguardando a justiça se pronunciar diante dos fatos que cercam o misterioso crime, evitando que seja este mais um registro de violência sem respostas na cidade, comprometendo o estado de direito dos cidadãos e liberdade da povo. Que não seja esse caso esquecido, que não seja tão somente um registro nos apontamentos estatísticos do estado e na lembrança do povo mageense. “A justiça tarda, mas não falha.”
Antonio Alexandre, Magé|Online.com