Corpo de Bombeiros estima mais até três meses de trabalhos de buscas.
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O mar de lama soterrou instalações da área administrativa da empresa como o refeitório, que era usado pelos funcionários no horário de almoço destruiu uma pousada e atingiu o rio Paraopeba. Para evitar contaminação, o governo de Minas Gerais proibiu o consumo de água do rio.
A barragem era classificada pela Agência Nacional de Mineração (AMN) como uma estrutura de “baixo risco” em relação à possibilidade de haver algum desastre e rompimento da estrutura. Por outro lado, segundo informações do Cadastro Anual de Barragens, o dano potencial que seu rompimento poderia causar era classificado como alto.
No domingo 24, ocorreram manifestações em Brumadinho e em Belo Horizonte para homenagear os mortos. Pela estimativa do Corpo de Bombeiros, os trabalhos de resgate e de localização de vítimas deverão se estender por mais dois ou três meses. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o rompimento é o pior desastre em uma barragem em todo o mundo na última década.
Oito profissionais da Vale ligados à segurança da estrutura seguem presos. Para o Ministério Público de Minas Gerais, não foi acidente, mas “crime doloso” (com intenção) e, por isso, é preciso investigar até a cúpula da Vale. Uma das linhas de apuração envolve descobrir quem detinha informações sobre a barragem antes do rompimento.
Pagamentos
Mediante acordo com o MP, a Vale pagará mensalmente o valor equivalente a um salário mínimo a cada morador adulto de Brumadinho durante um ano. A empresa concordou com parte das propostas dos procuradores, de representantes dos atingidos pela tragédia e do governo.
Duas tentativas de acordo anteriores haviam fracassado. Nesta nova negociação, o valor será, por mês, 998 reais (um salário mínimo) por adulto, 499 reais (meio salário mínimo) por adolescente e 249 reais (um quarto de salário mínimo) por criança. Os valores são retroativos a 25 de janeiro, quando ruiu a barragem, mas não há data para o início dos pagamentos, o que depende de cadastramento.
Segundo o Ministério Público Federal, o acordo envolve ainda moradores que vivem às margens, até um quilômetro, do leito do rio Paraopeba, poluído pelos rejeitos. Esse acordo vale até a cidade de Pompéu (a cerca de 200 quilômetros de Brumadinho), área onde o rio atinge o reservatório da hidrelétrica de Três Marias, região central do Estado.
A Vale também informou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que vai manter o pagamento de dois terços dos salários de todos os empregados próprios e terceirizados que morreram na tragédia. Segundo a empresa, o pagamento será mantido por um ano ou até que seja fechado um acordo definitivo de indenização.