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Shoppings são os novos alvos de assaltos no Rio

Nesta quarta-feira, loja de joias do Rio Sul foi roubada. Prejuízo do estabelecimento passa de R$ 200 mil.

Uma nova modalidade de crime tem deixado a população do Rio em pânico num dos poucos ambientes em que ela se sentia segura: os shopping centers. Na manhã desta quarta-feira, a joalheria Celini, no segundo piso do Rio Sul, em Botafogo, virou cenário de terror. Pouco depois das 10h, um homem armado rendeu funcionários e levou joias e 17 relógios Rolex. O proprietário e dois vendedores estavam no local. O prejuízo passa de R$ 200 mil. De acordo com testemunhas, o ladrão era gordo, alto, negro e usava boné.

O assaltante aproveitou o fraco movimento da manhã — o shopping tinha acabado de abrir — para entrar na loja. Ele também se valeu de os seguranças do shopping não andarem armados. Policiais da 10ª DP estiveram no local para coletar possíveis provas, como impressões digitais e imagens do circuito interno de câmeras.

Há menos de um mês, no dia 6, o próprio Rio Sul enfrentou outro roubo. Um homem foi preso após furtar frascos de perfume de uma farmácia. Vizinho ao Rio Sul, o Casa & Gourmet também já foi palco de momentos de tensão. Em agosto do ano passado, um assaltante levou mais de 80 celulares da loja Fast Shop e apavorou o público.

Os casos do Rio Sul e do Casa & Gourmet retratam uma tendência que não se limita aos centros comerciais da Zona Sul. Em apenas duas semanas, bandidos atacaram mais três shoppings – um em Vila Isabel, na Zona Norte, outro em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e o mais grave deles, em Campo Grande, na Zona Oeste, que terminou com a morte de um segurança e uma policial militar ferida.

A ousadia dos bandidos também tem crescido e chegado às lojas. Antes, o maior número de ações ocorria nos estacionamentos – em março do ano passado, no BarraShopping, um juiz de direito sofreu um sequestro relâmpago. No mesmo mês, uma médica no Shopping da Gávea foi rendida por bandidos quando entrava em seu carro.

Mulher viu corre-corre no shopping

O assalto à joalheria causou correria dentro do shopping. A atendente de táxi Lorena Ferreira, de 20 anos, que trabalha na porta do Rio Sul ficou assustada com o tumulto vindo de dentro do shopping durante o roubo. “Eu vi a confusão de pessoas correndo para fora, mas não ouvi tiros”, relata Lorena.

Também atendente de táxi, Teresa Cristina, 55 anos, conta que quase sempre há assaltos nas proximidades do shopping e que as pessoas costumam correr para dentro do Rio Sul para se protegerem. “Todos os dias tem assalto aqui perto. Uma vez a polícia correu atrás de uns bandidos e as pessoas se protegeram dentro do shopping, inclusive eu”, disse ela.

Ao contrário de Lorena e Teresa Cristina, ainda há quem se sinta seguro dentro de shopping center. É o caso da publicitária Moema Rocha, de 39 anos. Ela acredita que notícias de assaltos em shopping não são divulgadas na imprensa.

“Eu me sinto tranquila porque nem sempre dizem o que acontece dentro do estabelecimento. Ficamos sabendo pelas redes. Nunca vi nada e me sinto mais protegida no shopping”, afirma Moema.

Rosalia Palmer, de 70 anos, costuma frequentar o espaço e diz jamais ter visto criminosos. “Nunca vi nada acontecer e me sinto bem segura”, diz a consumidora.

Crescimento de assaltos em centros comerciais preocupa Ministério Público

Ex-secretário nacional de Segurança Pública e promotor aposentado, Antônio Carlos Biscaia reconhece que os crimes nos shoppings estão, realmente, se tornando uma nova modalidade criminosa no Rio de Janeiro e revela que está apreensivo com o aumento de casos.

“Nós do Ministério Público estamos preocupados, porque o que estamos vendo é um assustador crescimento de delitos. Agora nos shoppings, locais em que, teoricamente, nos sentíamos mais seguros”, analisa. “Isso precisa ter um fim, a ousadia dos bandidos chegou ao limite”, indigna-se o promotor Antônio Carlos Biscaia.

“Grupos armados entram nos shoppings, assaltam e, inclusive, matam. Isso é um sinal de que a situação está no limite, é tudo muito grave”, desabafa. “Falta policiamento ostensivo. Entrar em um shopping para roubar é bastante complicado e ousado. Para os bandidos fugirem é pior ainda”, completa.

Para o ex-secretário, esta realidade revela que a criminalidade está crescendo e que crimes contra o patrimônio tendem a aumentar se as autoridades não interferirem.


Fonte: O Dia