Será que nos comunicamos ?

Qual a serventia de encontrar os amigos quando ficamos o tempo todo grudados aos celulares, quase magnetizados pelas suas telas?

De uns tempos para cá me tornei uma grande observadora das pessoas. Quando saio à rua, apesar de constantemente estar conectada à minha música por fones de ouvido, eu observo os que estão ao meu redor. Algo perturbador, porém verdadeiro, é que muito poucas pessoas pelas ruas ou transporte público estão lendo um livro ou jornal. Essa é a primeira diferença que noto quando lembro de meu avô falando sobre a cidade grande que encontrou em meados dos anos cinquenta, quando saiu do interior e veio para cá. Isso denota a queda do interesse pela leitura, de um modo geral. Para quê vou ler um livro se posso pegar o celular e conversar com os amigos? Que utilidade tem o jornal para mim se posso abrir um aplicativo de notícias e ficar informado do mesmo jeito? Os tempos são outros, os interesses do grande público são outros. A era tecnológica na qual estamos pede dinamismo, troca rápida de informações e dados e os que estão acostumados ao tradicionalismo do papel impresso diminuem em número cada vez mais. O mesmo também vale para as cartas. Quem se comunica através delas na atualidade? Garanto que muito menos pessoas do que há cinquenta anos.

Da troca de cartas à troca de mensagens via celular, muita água rolou por debaixo da ponte. Trocamos a escrita conquistada com anos de treino em cadernos de caligrafia pelo passar de dedos por pequenas teclas que formam a mensagem. Perdemos o gosto por papel de carta. Havia aqueles coloridos e decorados, e até mesmo com aroma, mas agora pouco se usa papel e caneta em comparação aos nossos avós. A demora na chegada de correspondências também se tornou uma inimiga quando se trata de escolher o melhor método de comunicação. Por que vou escrever uma carta (ir à busca de papel e caneta, comprar um envelope, pagar pelos selos) quando posso escrever uma mensagem e enviar via celular ou Internet, sendo que dessa forma o conteúdo será lido pela pessoa até mesmo segundos depois do envio? Ganhamos rapidez de comunicação, perdemos em expressão.

Quando digitamos uma mensagem para alguém precisamos tentar empregar nas letras as sensações que a conversa nos dá, ou seja, tentar exprimir, sem poder usar nossas expressões faciais, o tom da conversa. Para isso inventaram os emoticons, e assim, ao usá-los, buscamos suprir as lacunas comunicativas que o uso das letrinhas implica. Quem nunca acabou em uma confusão criada pela má interpretação do discurso pelo receptor da mensagem, que atire a primeira pedra!

Sobre o uso de celular ser maior do que a interação cara-a-cara, o grupo de humoristas da Nerdist recriou a abertura do famoso sitcom Friends, que retrata a interação de seis grandes amigos na cidade de Nova Iorque. O vídeo retrata, então, o quão diferente seria (segundo a visão humorística deles) esse contato entre os jovens da atualidade, que, “protegidos” pela tela do celular, se reúnem em um café:

Incrível, não? Qual a serventia de encontrar os amigos quando ficamos o tempo todo grudados aos celulares, quase magnetizados pelas suas telas? Com alegria digo que tenho amigos à moda antiga, os quais me fazem desligar o celular quando os encontro, pois caso ele toque ou acuse recebimento de mensagem, eu sei que isso interromperá e atrapalhará o fluxo da nossa conversa também à moda antiga, olho no olho.

É também interessante pensar como seria nossas vidas sem a interferência constante do tal celular. Será que certos momentos nos passariam despercebidos porque estávamos muito ocupados olhando para sua telinha? E, além disso, o conteúdo que acessamos é realmente crucial e importante de ser lido naquele instante? Isso tudo nos leva a uma reflexão ainda maior sobre o quanto da vida nós vemos passar por estarmos ocupados com o mundo virtual. Jogos, vídeos, filmes, música, notícias, tudo à distância de um toque, disponível online e offline. Mas então eu questiono… É mesmo vital acessar esse conteúdo de modo a ficar alienado da realidade? Esse outro vídeo nos faz refletir acerca disso, e após vê-lo, aposto que vai dar um tempinho em checar seu celular por novas notificações. Um apelo pela plenitude das nossas vidas. Mais momentos inesquecíveis, menos postagens nas redes sociais falando sobre esses momentos inesquecíveis!

Se comunicação é o processo que leva ao entendimento e compartilhamento de informações, por que temos tanta dificuldade de nos comunicarmos?

A busca pela compreensão do que queremos é uma batalha árdua e diária. Desde que nos acordamos até o momento que paramos para descansar e dormir, nos deparamos com uma série de processos de interações comunicativas. Somos bombardeados com informações de toda a espécie e nos vemos, por muitas vezes, sufocados com esta avalanche de novidades, normas, ordens, leis, diretrizes, papo furado e demais processos de comunicação que vivenciamos.

Separar tudo isto é uma arte. Porém saber se posicionar de forma a transmitir uma mensagem que seja relevante e que faça com que as pessoas prestem atenção nela é mais que arte, é especial.

Dentro das diversas barreiras no processo de comunicação, tem uma forte influência na compreensão e entendimento das partes envolvidas. Estas barreiras são o excesso de informações em uma única mensagem, a forma de apresentar estas informações e o nível de interesse das partes que estão envolvidas.

Fonte: obvious/Dilma Beck

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