Carta abrindo mão da presidência foi entregue durante audiência na Alerj.
Em meio a uma disputa de poder que inclui a gerência de cem cargos de confiança, com salários variando entre R$ 1.320,00 e R$ 18 mil, e uma crise no transporte ferroviário de passageiros na Região Metropolitana do Rio, a Agência Reguladora de Serviços Concedidos de Transportes (Agetransp), encarregada de fiscalizar o serviço prestado pela SuperVia , Barcas, MetrôRio e outras três concessionárias, está sem presidente. Convocado a comparecer a CPI das Agências Reguladoras da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com outros quatro conselheiros, nesta terça-feira, Murilo Leal, que ocupava a presidência da agência, não foi ao local e enviou uma carta renunciando ao cargo.
A notícia de que Leal havia entregue o cargo foi publicada inicialmente pela jornalista Berenice Seara, da coluna Extra, Extra . A correspondência foi lida pelo presidente da CPI, deputado Rodrigo Amorim, durante reunião ordinária da Comissão Parlamentar de Inquéritos, na Alerj. Mesmo com a carta de renúncia, Murilo Leal continuará a exercer seu mandato como conselheiro até 2026, já que foi reeleito em 2022. Na prática, o novo presidente que será escolhido pelo governador Cláudio Castro, em meio a um total de cinco conselheiros, terá poder para decidir sobre a nomeação de cerca de cem cargos de confiança. Ele também terá direito a um salário bruto mensal de R$18.421.99. Entre os mais cotados a serem escolhidos para assumir a presidência estão os conselheiros Charlles Batista e Adolpho Konder. O primeiro é policial rodoviário federal e ex-deputado estadual. O segundo foi presidente do Detran.
Na correspondência, Leal não revelou motivo da renúncia do cargo. Entretanto, um racha por disputa de poder entre os conselheiros estaria por trás da decisão. A crise teria começado após a chegada de dois novos conselheiros à Agetransp, quando em junho, Batista e Konder foram nomeados para os cargos pelo governador Cláudio Castro . No último dia 8, durante outra audiência da CPI, Leal foi criticado por um colega da agência que alegou falta de capacidade de gestão e suposto não andamento de processos de denúncias. Na ocasião, o deputado Alan Lopes, que integra a CPI, disse ter sugerido ao presidente que entregasse o cargo. Nesta terça-feira, o conselheiro Fernando Moraes, que chegou a criticar Murilo Leal numa audiência, disse que não é candidato ao cargo de presidente.
Uma das concessionárias fiscalizadas pela Agetransp é a SuperVia, responsável pelo serviço de transporte ferroviário coletivo de passageiros . O setor está em crise e há uma queda de braço entre governo estadual e a empresa que presta o serviço. Depois que o secretário estadual de transporte chegou a mencionar que poderia retirar a concessão concedida, a SuperVia entrou na justiça e conseguiu liminar impedido que o estado suspendesse o contrato de concessão. O governo entrou com recurso e o desembargador Ricardo Rodrigues Cardoso, cassou a decisão anterior.
Em meio ao embate jurídico e a vacância da presidência da Agetransp estão os passageiros de trens que sofrem com o mau funcionamento do sistema de transporte ferroviário de passageiros. No dia 20 de julho, por exemplo, 37 estações do ramal Gramacho ficaram fechadas por 26 horas seguidas, prejudicando cerca de 30 mil passageiros. A causa do problema teria sido o furto de um cabo alimentador de energia. No último 10 de agosto houve novo transtorno para que depende do trem para se deslocar no Rio e em outros 11 municípios. Por conta de um problema de energia, a circulação de composições dos ramais de Japeri, Santa Cruz, Saracuruna e Belford Roxo, passaram a ser encerradas na estação São Cristóvão e as partidas de composições da estação Central do Brasil foram suspensas. Na ocasião, o problema foi solucionado após pelo menos uma hora.