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Prefeitura e estado não se responsabilizam por obras para a Baía

Governos estadual e municipal vivem jogo de empurra-empurra nas obras que podem reduzir despejo de esgoto no palco náutico da Rio 2016.

Se o jogo de empurra-empurra entre autoridades fosse esporte olímpico, o Rio de Janeiro seria candidato forte ao pódio nos Jogos deste ano. Desta vez, a polêmica é em torno da gestão da Unidade de Tratamento de Resíduos (UTR) Rio Irajá, na Zona Norte. Construída a partir de 2012 para amenizar a poluição despejada na Baía de Guanabara e, segundo a Secretaria estadual do Ambiente, ainda inacabada, estado e município não sabem quem irá operar a estação, cujas obras já custaram R$ 40 milhões.

A UTR Rio Irajá foi a única construída em um conjunto de seis, anunciadas para ajudar o governo estadual a cumprir a meta de despoluir em 80% as águas da Baía de Guanabara antes da Olimpíada. A ideia é do período em que o deputado Carlos Minc (PT) era secretário, e previa o tratamento do esgoto na foz dos rios, antes de seu despejo na baía. Minc garante que deixou a estação pronta antes de sair do cargo, em janeiro de 2014.

“Essas unidades não substituem a necessidade de saneamento básico, mas são paliativos mais rápidos, baratos, e podem ser movidas de um rio para o outro”, afirmou o deputado, que garante: sozinha, a UTR Rio Irajá reduziria em 11% a poluição despejada na baía.

Ainda no começo das obras, em 2012, Eduardo Paes teria assumido que a prefeitura iria gerir a UTR — como faz com outras cinco unidades por meio da Fundação Rio Águas. Em 2013, alegando que a baía não é responsabilidade municipal, o prefeito voltou atrás.


Questionada pela reportagem, a Rio Águas, através da Secretaria municipal de Saneamento e Recursos Hídricos, afirmou ser responsabilidade da Cedae — órgão da administração estadual — a gestão do local. A Cedae negou.

O atual secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, contradisse Minc e afirmou que a UTR Rio Irajá “jamais esteve pronta” e que abandonou o projeto de construção das outras unidades. Contestou a informação de que a unidade amenizaria 11% da poluição da baía, prometeu o funcionamento da estação para junho deste ano e passou a bola para o prefeito Eduardo Paes. “Em agosto do ano passado, foi definido que a prefeitura irá gerir. Há um compromisso com o governador. UTR é para resultado rápido e não resolve o saneamento na casa das pessoas”, afirmou Corrêa. A prefeitura não confirmou se irá gerir a estação.

Há um ano, André Corrêa admitiu que o estado não iria cumprir o compromisso olímpico de despoluir 80% da Baía de Guanabara. Agora, prefere não tecer previsões. “Ninguém acredita mais no que qualquer autoridade fala sobre a despoluição da baía”, admitiu.


Fonte:  O Dia