Nos supermercados, os valores também já pesam nos bolsos dos consumidores.
Por conta da recente disparada nos preços das carnes, a servente Ana Ruth, de 63 anos, já avisou para os filhos: “Quem quiser comer carne vai ter que comprar!”. A decisão da consumidora é decorrente da alta dos cortes bovinos, que já supera 30% em mercados e açougues do Rio:
É que o aumento de exportações para a China, que foi atingida no fim de 2018 pela peste africana doença hemorrágica altamente contagiosa provocada por um vírus que só atinge porcos, influenciou diretamente os valores cobrados nos mercados e nos açougues, porque reduziu a oferta de carnes de porco e bovina no mercado interno. Como os chineses pagam mais caro do que os brasileiros, os produtores têm preferido exportar ou aumentar o preço cobrado aqui dentro do país.
Além disso, outro motivo é a chegada do fim do ano: como os mercados aumentaram estoques para as compras das ceias de Natal e réveillon, a demanda interna também cresceu e, com a pouca oferta, os preços disparam.
No Açougue Cearense da Tijuca, na Zona Norte do Rio, por exemplo, o quilo do filé mignon bovino que custava R$ 68 a um mês atrás está sendo vendido a R$ 79,90. A alcatra subiu 32%: passou de R$ 36,90 para R$ 48,90, o quilo. A picanha também encareceu, subindo de R$ 37,90 para R$ 49,90.
O açougueiro Humberto Antônio Rego diz que os clientes não deixaram de comprar, mas sempre reclamam do preço na hora de pagar. Já o gerente do açougue Rei da Tijuca, Carlos Alberto, viu o número de consumidores ser reduzido de cerca de 200 para 130 por dia. Além disso, ele conta que as pessoas estão diminuindo as quantidades.
Quem comprava um quilo, agora, está levando meio (quilo). A alcatra vendida por R$ 36 está custando R$ 44,90 comentou o gerente: O preço que pagamos pelo traseiro e pelo dianteiro do boi aumentou R$ 34% em um mês e, infelizmente, precisamos repassar esse custo.
Proprietário do Açougue Granjal, em Botafogo, José Francisco reclama que o preço da carne para o varejo subiu consideravelmente nos últimos dois meses: o traseiro que saía para ele por R$ 13, agora é comercializado a R$ 21. Segundo ele, o alimento tem vindo de Rondônia.
Até agora, não faltou carne. Mas tem vindo de longe, e acho que isso encarece o produto. Por causa disso, os clientes têm optado por ovos ou frango. Queria vender mais barato para vender mais lamentou o comerciante: Ainda bem que também tenho uma mercearia. Se fosse só o açougue, já teria falido!
Impacto nos supermercados
Nos supermercados, os valores também já pesam nos bolsos dos consumidores. De acordo com a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), alguns produtos sofreram alta de até 50% nos preços repassados para os varejistas.
Embora não tenha mudado seus hábitos de consumo, a administradora Josélia Cerqueira, de 44 anos, diz ter notado um aumento de 10% em seus gastos mensais. Ela, inclusive, está antecipando as compras para o Natal, por receio de que os preços subam ainda mais.
Em um mercado da Tijuca, na Zona Norte, é possível encontrar o quilo do filé mignon a R$ 64,98; do contrafilé a R$ 39,98; da picanha a R$ 49,98; do patinho a R$ 31,98; e do cupim a R$ 25,98. As carnes de porco estão um pouco mais em conta: carré a R$ 12,98; pernil a R$ 15,90; costelinha a R$ 16,98; e lombinho a R$ 19,98.
O preço da cartelas com 30 ovos ainda não foi alterado: R$ 9,99. O custo do frango continua acessível. É possível comprar um quilo de filé de peito por R$ 11,98; de asa por R$ 10,98; e de coxa com sobrecoxa por R$ 6,99.
Na Zona Sul do Rio
Em um mercado de outra rede, em Botafogo, na Zona Sul, o filé mignon sai por R$ 35,56; o contrafilé, por R$ 32; a alcatra por R$ 29,98; o patinho ou o músculo, por R$ 32,50; e a pá e o acém, por R$ 22,90.
Os quilos do lombinho e do carré estão custando R$ 18,50 e R$ 11,98, respectivamente; o do pernil, R$ 16,40; e o da costelinha, R$ 19,90. Os ovos estão em promoção: 30 unidades por R$ 8,99.
O filé de frango também sai mais barato: R$8,90, o quilo; enquanto a mesma quantidade de coxa sai por R$ 8,65; de coração, por R$ 18,90; e de drumete, por R$ 10,90.
Dicas de especialista
Para driblar os altos preços, o educador financeiro Adenias Gonçalves Filho recomenda comprar carne de segunda e fazer receitas, como picadinho, em que se possa utilizar legumes para incrementar o prato, além de reduzir o consumo de carne vermelha, optando por frango.
Por mais que a pessoa tenha o hábito de comer bife quatro vezes por semana, recomendo que reduza para uma vez e, nos outros dias, escolha uma proteína alternativa. É o chamado consumo inteligente explicou Gonçalves Filho: — Com a redução da demanda, haverá maior oferta, e o preço vai baixar.
O educador financeiro ainda ressalta a importância de se fazer uma pesquisa de preço nos mercados, de olho nas promoções:
As redes costumam ter um dia na semana de promoções de carnes. São as chamadas feirinhas.
Fonte: Jornal Extra