Segundo MPF, Abrahão tentava esconder bem mais vistoso — uma fábrica que ocupa um quarteirão inteiro em Rio Bonito.
A Operação Furna da Onça provocou um fenômeno climático inusitado nesta quinta-feira: chuva de dinheiro. Quando a Polícia Federal cercou a casa do deputado estadual Marcos Abrahão (Avante), em Rio Bonito, alguém tentou evitar que dois malotes, cheios de cédulas, fossem encontrados no imóvel. Disfarçadamente, uma pessoa abriu a janela e lançou pelos ares os pacotes. Não adiantou, porque as notas foram encontradas e apreendidas pelos agentes.
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Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Abrahão tenta esconder ainda um bem mais vistoso — uma fábrica que ocupa um quarteirão inteiro em Rio Bonito. Segundo os procuradores, a Metal Bonito Metalúrgica pertence ao deputado, mas está em nome de um “laranja”, que é assessor do político e motorista de aplicativo nas horas vagas.
Abrahão foi um dos presos na Operação Furna da Onça, realizada nesta quinta-feira, no Rio. Ao todo, a PF cumpriu 22 mandados de prisão, sendo 10 contra deputados estaduais – entre eles três que já estavam presos desde o ano passado, todos do MDB: Jorge Picciani, que cumpre prisão domiciliar devido a um problema de saúde, Edson Albertassi e Paulo Melo, que estão no Complexo do Gericinó.
Segundo as investigações que levaram à deflagração da Operação Furna da Onça, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) negociou uma espécie de “mensalinho” pago a deputados estaduais em troca de apoio político na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ao todo, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), foram gastos cerca de R$ 54,5 milhões em propinas para os parlamentares desde o segundo mandato de Cabral, em 2011. Investigadores apontam que a corrupção na Alerj não parou com a prisão de Cabral, em 2016.
“A Alerj se transformou numa verdadeira propinolândia, tamanho eram os benefícios passados a esses deputados em troca de apoio. Tudo isso em detrimento da população do Rio”, afirmou o procurador federal Carlos Aguiar.
As mesadas pagas aos deputados variavam entre R$ 20 mil e R$ 100 mil. De acordo com a investigação, a propina vinha de uma espécie de caixa único, organizado por doleiros e abastecido com o dinheiro de empresas beneficiadas com contratos superfaturados no estado. O nome da Operação Furna da Onça é uma referência à sala na Alerj onde os deputados se reúnem antes das votações.
Fonte: Jornal Extra