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Polícia monta cerco ao crime organizado em condomínios do ‘Minha casa, minha vida’

Draco faz operação em condomínios do “Minha casa, minha vida.”

A Polícia Civil montou uma força-tarefa, formada por equipes de seis delegacias, para apurar a presença do crime organizado nos condomínios do programa federal “Minha casa, minha vida” no Município do Rio. No dia 3 de agosto, numa reunião na sede da Secretaria de Segurança (Seseg), no Centro, os delegados titulares da 6ª DP (Cidade Nova), 21ª DP (Bonsucesso), 35ª DP (Campo Grande), 40ª DP (Honório Gurgel) e da 43ª DP (Guaratiba) receberam a atribuição de investigar os condomínios de suas áreas de atuação. A Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) vai apoiar o trabalho nos locais com influência do tráfico.

Os delegados foram informados por integrantes da Seseg que o foco dos inquéritos são operações com o objetivo de recuperar imóveis invadidos por bandidos. Em março, na série de reportagens “Minha casa, minha sina”, o EXTRA revelou, após uma apuração de três meses, que todos os condomínios do programa federal destinados às famílias mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no Rio são alvos da ação de grupos criminosos.

Algumas investigações já estão a pleno vapor. A 21ª DP, que apura irregularidades em 14 conjuntos na Zona Norte, já descobriu que um consórcio de traficantes de quatro favelas dominadas pela mesma facção age dentro do Bairro Carioca, em Triagem. A distrital monitora gerentes do tráfico do Jacaré, da Mangueira, de Manguinhos e do Turano que circulam pelo local.

Segundo um relatório produzido pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), anexado ao inquérito, Luis Felisberto da Silva Junior, o JN do Turano; André Luiz Cabral dos Santos, o Lacraia de Manguinhos; e André Luiz Marins de Jesus, o Pezão, são os gerentes da boca de fumo que funciona ao lado da escola construída dentro do conjunto.

Duas das delegacias que participam da força-tarefa — 35ª DP e 43ª DP — ficam na Zona Oeste, região que concentra mais da metade dos condomínios do programa na cidade. Na 43ª DP, onde um inquérito apura a atuação de criminosos em quatro conjuntos, testemunhas já estão sendo ouvidas. Elas relataram, por exemplo, ameaças e expulsões de moradores por parte de grupos milicianos.

A 35ª DP investiga a atuação de bandidos no Vivendas das Orquídeas, na Estrada do Campinho, em Campo Grande. Na série “Minha casa, minha sina”, o EXTRA mostrou — por meio de um pedido via Lei de Acesso à Informação — que a Caixa Econômica Federal, gestora do programa, movia quatro processos de reintegração de posse referentes a imóveis do conjunto.

Embora não esteja na força-tarefa, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) também apura a presença de paramilitares nos conjuntos da Zona Oeste. Há duas semanas, uma operação da especializada cumpriu mandados de busca e apreensão em 39 condomínios da região e prendeu quatro pessoas.

Na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, também na Zona Oeste, um inquérito da DCOD apura irregularidades na distribuição dos apartamentos do Residencial Itamar Franco. Em maio, a especializada prendeu, na Paraíba, o traficante Edvanderson Gonçalves Leite, o Deco, que admitiu participação em um esquema para fraudar o sorteio de imóveis do “Minha casa, minha vida” na favela.


Fonte: Jornal O Extra