Milicianos chegaram a desviar a tubulação da Cedae, impondo uma taxa extra que variava de R$ 30 a R$ 40 aos moradores.
Uma ação da Polícia Civil, desencadeada na manhã desta terça-feira, colocou atrás das grades vários integrantes de três grupos milicianos que atuam nos municípios de Nova Iguaçu e de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A operação tinha como objetivo cumprir, ao todo, 27 mandados de prisão e outros 50 de busca e apreensão. Entre os detidos, está Domerice dos Santos José, conhecido como Dito, de 38 anos, apontado como o número 2 na hierarquia de um dos bandos. Na residência do suspeito, havia um carro importado avaliado em pouco mais de R$ 50 mil.
Contando Domerice, 18 pessoas foram presas na operação, incluindo quatro policiais militares, sendo três da ativa e um da reserva. Entre os detidos, quatro foram presos em flagrante, enquanto os 14 restantes haviam tido a prisão preventiva decretada pela Justiça. Além disso, 11 celulares foram recolhidos pelos agentes dentro de unidades prisionais do estado, bem como quatro carregadores e uma quantidade ainda não contabilizada de maconha. A polícia também apreendeu R$ 21 mil em espécie.
A investigação foi conduzida pela 58ª DP (Nova Iguaçu), com o apoio da Promotoria de Investigação Penal de Nova Iguaçu, e teve início depois que o autor de um homicídio foi preso. Daí em diante, foram identificados suspeitos envolvidos com os grupos paramilitares, desenvolvendo práticas como extorsão e imposição de taxas de gás, de água e para o transporte alternativo.
Segundo o delegado Adriano Marcelo França, titular da 58ª DP, uma das quadrilhas é conhecida como “Bonde do trem” e atua nos bairros da Grama, Miguel Couto e adjacências, em Nova Iguaçu. Já os outros dois bandos concentram sua área de dominação em Belford Roxo.
Milicianos chegaram a desviar a tubulação da Cedae no bairro Shangri-lá, em Belford Roxo, para controlar o fornecimento de água, impondo uma taxa extra que variava de R$ 30 a R$ 40 aos moradores. A concessionária esteve no local com a polícia para desfazer a intervenção ilegal na rede e informou que vai manter o abastecimento, cobrando somente uma taxa social. As investigações sobre essa prática ficarão a cargo da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). Ainda de acordo com o delegado, só a quadrilha que impõe terror nessa região age há mais de uma década e tem envolvimento em pelo menos 13 assassinatos.
A operação desta terça-feira contou com a participação de agentes de delegacias da Baixada Fluminense, da capital e de unidades especializadas, bem como da Corregedoria Interna da Polícia Militar e da Secretária de Administração Penitenciária (Seap).