Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, é alvo de uma operação dentro do inquérito da execução de Marquinho Catiri.
A Polícia Civil do RJ iniciou nesta terça-feira (1) mais uma operação contra envolvidos na morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, executado em novembro do ano passado em Del Castilho, na Zona Norte do Rio. No ataque também foi morto um comparsa dele, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho.
O alvo desta terça é Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho. Ele já vinha sendo investigado por chefiar uma quadrilha ligada ao jogo do bicho que vendia cigarros ilegalmente no RJ e ganhou holofotes em maio de 2021, quando, em meio à pandemia de coronavírus, ele fez uma festa de luxo no Copacabana Palace para 500 pessoas e shows com cantores famosos, para comemorar seu aniversário.
No último dia 18, ainda no inquérito dessa execução, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) tentaram prender três homens: George Garcia de Souza Alcovias, José Ricardo Gomes Simões e Rafael do Nascimento Dutra, o Sem Alma, PM lotado no 15º BPM (Duque de Caxias). A polícia apura se Sem Alma está à frente de um grupo de extermínio ligado a pelo menos 5 assassinatos.
George e José foram presos. Sem Alma e Adilsinho não haviam sido localizados até a última atualização desta reportagem.
Festança de R$ 4 milhões
O evento, que teve direito a traje black-tie, era para comemorar os 51 anos de Adilsinho. A ideia era fazer a grande festa em 2020, quando ele completou 50 anos, mas com o início da pandemia, ele adiou o evento.
Já em 2021, ele não quis esperar e alugou os três salões do Copacabana Palace para os seus convidados, contratando os shows de Gusttavo Lima, Ludmilla, Alexandre Pires e Dudu Nobre o que a Justiça também vai apurar, e gasto cerca de R$ 4 milhões.
Alvo de outras operações
Adilsinho foi alvo, em junho de 2021, da Operação Fumus, contra uma quadrilha que impôs, com violência, um monopólio na venda de cigarros no RJ.
A Polícia Federal (PF), o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), e a Receita Federal afirmaram à época que Adilsinho e o irmão, Cláudio Nunes Coutinho, chefiavam o esquema.
Segundo as investigações, o grupo, que se intitulou Banca da Grande Rio, compra maços de C-One, da Companhia Sulamericana de Tabacos, e obriga pequenos e médios comerciantes em praticamente todo o estado a vender apenas essa marca.
Segundo o MPRJ, o nome do bando “vem de vínculos de muitos dos denunciados com a GRES Grande Rio e com as pessoas que por lá passaram”.
Na ocasião, a defesa de Adilsinho negou as acusações.
Em 2009, Adilsinho foi alvo da Operação Furacão, que investigou a cúpula do jogo do bicho do estado e seu envolvimento com máquinas de caça-níquel.
Segundo investigações da época, programas de apostas eletrônicas instalados nas máquinas das casas de jogos do Rio eram alterados para ludibriar apostadores e lavar dinheiro. Por essa investigação, ele chegou a ser condenado a 3 anos e seis meses de reclusão, mas depois teve sua pena extinta pelo desembargador Paulo Espírito Santo.
De acordo com as investigações, Catiri era o controlador da milícia que atua nas comunidades Águia de Ouro, Guarda, Fernão Cardim e outras, localizadas em Del Castilho e Inhaúma. Sandrinho era um dos integrantes do grupo paramilitar.
Ele foi morto ao sair de uma academia de musculação da qual era o dono e teria sido montada para o seu uso exclusivo.
Os agentes identificaram um imóvel na Rua Pedro Borges que foi utilizado para o ataque. No endereço, a perícia arrecadou 58 estojos de fuzil calibre 762. Os autores também utilizaram granadas uma delas foi arrecadada e detonada pelo Esquadrão Antibombas da Polícia Civil.
A DHC descobriu que os assassinos vigiaram Catiri por um ano e usaram até um drone. George, por exemplo, morou todo esse tempo na comunidade do Guarda e recebia um salário pelo monitoramento.
Ainda de acordo com a delegacia, o trio integra uma organização criminosa instalada em Duque de Caxias e voltada para comercialização de cigarros, exploração de jogos de azar e para a prática de homicídios.
Aliança com bicheiro
Pouco depois da morte de Catiri, o g1 revelou áudios em que o miliciano agradecia ao bicheiro Bernardo Bello pela confiança ao assumir seus negócios.
“A gente firmou uma amizade. Eu também queria te agradecer pela confiança que você teve em mim, de me botar dentro da sua casa, da sua família, dentro do seu negócio”, disse Catiri a Bello.
A Polícia Civil já vinha investigando se Catiri tinha se aliado a Bello desde o começo de 2022. No áudio obtido pela investigação, Catiri diz “agradar delegacias”.
A mensagem, de cerca de meia hora, foi enviada por Catiri a Bello, enquanto o bicheiro estava preso na Colômbia pela morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid. Bello é réu nesse crime.
O contraventor está foragido.