Policiais militares e familiares apresentaram versões conflitantes para tiroteio.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) farão uma reprodução simulada na comunidade da Lagoa, em Magé, Região Metropolitana do Rio, na tarde desta segunda-feira. O objetivo, de acordo com o titular da especializada, o delegado Giniton Lages, é confrontar duas versões apresentadas por testemunhas e policiais militares para o confronto que terminou com a morte de Matheus Santos de Moraes, de apenas 5 anos, e com outras três pessoas baleadas, no último sábado.
À Polícia Civil, policiais disseram que estavam numa viatura realizando patrulhamento, nas proximidades da comunidade, quando foram recebidos a tiros. Eles contaram que revidaram e que, no tiroteio, Matheus foi atingido. A família do menino, no entanto, nega o confronto. Eles acusam os policiais militares de entrarem na comunidade atirando. Segundo parentes do garoto, os policiais ainda recolheram as cápsulas das munições deflagradas.
Segundo o delegado Giniton Lages, após o ocorrido, os policiais se apresentaram diretamente ao 34º BPM (Magé) e, somente após terem sidos ouvidos em um inquérito policial militar, apresentaram a ocorrência à DHBF, prejudicando as investigações e possibilitando que vestígios importantes fossem perdidos devido à comunicação tardia. A cópia de um procedimento será enviada à Corregedoria Geral Unificada (CGU). Os policiais militares foram ouvidos e tiveram suas armas apreendidas.
Na reprodução simulada, que começa às 14h desta segunda-feira, uma perícia complementar será realizada. Policiais civis vão identificar a origem do disparo que levou à morte do menino. Também serão coletados dados técnicos novos que possam auxilias nas investigações.
O corpo de Matheus foi enterrado ontem em Magé. Após a morte dele, um protesto foi feito no município. O ato deixou rastros de destruição. Doze ônibus foram incinerados, lojas arrombadas e saqueadas e uma agência bancária foi depredada.
Temendo nova manifestação em represália o secretário de Ordem Pública, Nelson Vinagre, deu toque de recolher na cidade. Ele recomendou à população que não saísse de casa até às 18h de domingo. “Recomendo aos moradores que fiquem em casa, não saiam até passar o período das 18 horas (horário do enterro)”, disse o secretário a uma emissora de TV, lembrando que policiais militares e guardas municipais ficaram de prontidão.