Além de Andrea, dois escrivães da PF, dois advogados e um empresário também foram indiciados no inquérito.
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira a irmã do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves, por crimes como corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça. De acordo com a investigação, Andrea tinha acesso ilegal a informações sigilosas da polícia e se beneficiaria ao saber antecipadamente das ações.
Além de Andrea, dois escrivães da PF, dois advogados e um empresário também foram indiciados no inquérito, que tem como base a Operação Escobar, deflagrada no ano passado. Segundo a polícia, um empresário recebia informações sigilosas de investigações a partir de conversas com o advogado Ildeu da Cunha Pereira, que morreu em fevereiro deste ano.
Andrea recebia documentos da corporação obtidos pelo advogado Carlos Alberto Arges, também segundo a investigação. Os vazamentos ocorriam através dos escrivães Márcio Antônio Marra e Paulo Bessa.
Para a PF, de posse dessas informações sigilosas, Andrea e um empresário se beneficiavam, impedindo ou embaraçando investigações relacionadas a organizações criminosas em que estavam envolvidos ou nas quais tinham interesse direto.
O Ministério Público ainda não se manifestou sobre se vai denunciar ou não os indicados com base no inquérito da PF. Nessa hipótese, se a Justiça receber a denúncia, os acusados poderão se tornar réus. As provas contra os servidores da PF foram encaminhadas à Corregedoria Regional da corporação em Minas.
Em nota, a defesa de Andrea Neves, representada pelo advogado Fábio Tofic Simantob, se disse “perplexa” com o que chamou de “finalização precipitada da investigação”. Para Tofic, o indiciamento contraria as provas obtidas no próprio inquérito.
“As investigações demonstram que Andrea nunca solicitou qualquer documento a quem quer que seja e nunca teve contato com qualquer agente público. Os documentos que se encontravam em sua residência já tinham o seu conteúdo amplamente divulgado pela imprensa, sendo, portanto, estapafúrdia a hipótese de que poderiam ser usados para qualquer ato de obstrução de justiça. É preocupante que a autoridade policial faça uma ilação dessa gravidade sem apontar qualquer ato praticado por Andrea que pudesse ser interpretado como obstrução de justiça. No mais, registre-se a ironia de que um inquérito instaurado para apurar vazamento tenha tido a sua conclusão vazada antes que as partes pudessem ter conhecimento de seu conteúdo.”
Fonte: Jornal Extra