Caso é um desdobramento da investigação que afastou Wilson Witzel do governo do Rio.
Quatro desembargadores são alvos de prisão: Marcos Pinto da Cruz, José da Fonseca Martins (ex-presidente do TRT), Fernando Antonio Zorzenon da Silva (ex-presidente do TRT) e Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues. Também foram presos Eduarda Pinto da Cruz, irmã e operadora de Marcos Pinto da Cruz; Sônia Regina Dias Martins, esposa e operadora de José da Fonseca Martins Júnioor; Marcello Cavanellas Zorzenon da Silva, filho e operador de Fernando Zorzenon; Leila Maria Gregory Cavalcante de Albuquerque, esposa e operadora de Antonio Carlos Rodrigues; Pedro D’Alcântara Miranda Neto, advogado de empresas de ônibus; o advogado Manoel Messias Peixinho e sua esposa Suzani Andrade Ferraro.
A investigação obteve indícios de que parentes de magistrados do TRT do Rio atuaram ilegalmente em processos de empresas de transporte e organizações sociais. Agentes da PF estiveram na casa do desembargador Marcos Pinto da Cruz, um dos envolvidos no esquema, localizada no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, e recolheram um malote.
A operação tem como foco o Plano Especial de Pagamentos do TRT-RJ, destinado a centralizar os pagamentos dos grandes devedores trabalhistas. A centralização de execuções trabalhistas, a cargo da Caex, uma unidade vinculada à Presidência do TRT, começou com os clubes de futebol, para impedir que as elevadas dívidas trabalhistas e os constantes bloqueios judiciais de bilheterias quebrassem as equipes. Quando uma empresa consegue centralizar as dívidas, todas as execuções pulverizadas em varas de trabalho ficam suspensas. A inclusão no plano é vantajosa por impedir bloqueios inesperados na conta corrente. Desta forma, a firma consegue pagar as dívidas em parcelas e manter as operações comerciais sem problemas.
A investigação sobre o plano especial do TRT-RJ está no mesmo inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que afastou o governador Witzel. Além dele, corriam ainda quatro sindicâncias – três abertas no próprio TRT e uma no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apurar irregularidades na centralização e o envolvimento de dois desembargadores, Marcos Pinto da Cruz e Fernando Zorzenon ex-presidente do TRT e responsável pelo ato que instituiu a centralização em 2017.
A princípio, fontes ligadas à operação informam que o esquema corrupto envolvia empresas de ônibus e de saúde. A medida cautelar, elaborada pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio por delegação da PGR, continha 170 páginas escritas. Há áudios de parentes de desembargadores considerados provas O esquema chegou a ter um grupo no aplicativo chamado “Consórcio”.
A operação é um desdobramento da Tris In Idem, que resultou no afastamento de Wilson Witzel (PSC) do governo do Rio. Segundo as investigações, o desembargador Marcos Pinto da Cruz, do TRT do Rio, teria organizado em conjunto com Witzel um esquema de desvio de dinheiro por meio de ações trabalhistas. Após o cumprimento de busca e apreensão contra o desembargador em outubro do ano passado, a PF localizou novas provas e aprofundou as investigações do caso.