Protesto é contra realização de Constituinte por Maduro.
A oposição venezuelana convocou uma greve geral de dois dias contra a realização da Assembleia Constituinte criada pelo presidente do país, Nicolás Maduro. A mobilização começa nesta quarta-feira (26) e segue até a meia noite de amanhã (27).
A medida ocorre menos de uma semana depois de outra grande greve geral convocada também pelo Mesa de Unidade Democrática (MUD) contra o mandatário. A oposição acredita que a Constituinte servirá apenas para diminuir a força da oposição, que atualmente domina a Assembleia Geral, e para dar mais poder a Maduro.
A votação convocada pelo presidente está agendada para o próximo domingo (30). Desde que foi anunciada, há cerca de 100 dias, manifestantes vão diariamente às ruas do país protestar contra a decisão. Esses protestos já causaram a morte de mais de 100 pessoas e devem ser intensificados a partir de sexta-feira (28).
A crise política, econômica e social vem se agravando na Venezuela mês após mês e não há uma tratativa em andamento para tentar por fim ao conflito. No ano passado, com a mediação de entidades regionais e até do Vaticano, uma rodada de conversas fracassou com troca mútua de acusações de descumprimento de regras.
O grafite no muro ilustra a ameaça. Trata-se da silhueta de um homem apontando um fuzil. Logo abaixo, a legenda: “Os coletivos vão tomar Caracas em defesa da revolução!”.
Esse tipo de grafite é comum em paredes e edifícios de vários bairros de Caracas. E também nos muros brancos que cercam o Parlamento venezuelano, invadido na quarta-feira por um grupo de civis simpatizantes do presidente Nicolás Maduro.
Os líderes da oposição os chamam de “paramilitares”. A procuradora-geral da República, Luisa Ortega, os define como “grupos armados civis fora da lei”. Nas ruas, são conhecidos simplesmente como “coletivos”. E frequentemente estão encapuzados.
Segundo o governo, muitos coletivos são grupos sociais que trabalham em projetos dentro de organizações criadas pelo ex-presidente Hugo Chávez nas comunidades.
Vários são pacíficos. E desempenham papel político associado a uma longa tradição de esquerda, o que os vincula a Chávez e à revolução bolivariana, agora liderada pelo presidente Nicolás Maduro.
Outros, no entanto, controlam com armas algumas áreas há anos, segundo denúncias de moradores e organizações não governamentais.
No atual clima de confronto e conflito político entre governo e oposição, que se reflete nas ruas, os coletivos assumem papel de protagonistas.