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Morte de artista plástico francês em Paraty deixa amigos chocados

Procurada, a Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o crime.

Um crime está assombrando a cidade de Paraty, conhecido point turístico do Sul Fluminense. A vítima foi o artista francês Cedric Jaurgoyhen Madala, 33 anos, que morava em um sítio afastado do centro da cidade, em Barra Grande. Seu corpo, com um tiro na cabeça, foi encontrado na sexta-feira. Sua casa foi queimada pelos criminosos. De acordo com a irmã do artista, Sophie Chauvet, ele vivia há alguns anos na cidade, na qual ela reside há cerca de 15. Fotógrafo, ele também trabalhava como artista plástico e performático.

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A mãe chegou hoje e está agora no consulado para pegar os documentos dele. A gente vai se encontrar no IML, à tarde, para reconhecer o corpo. Paraty é uma cidade pequena, então o delegado não está aqui todos os dias conta Sophie. Ele falou que vai me atender na quarta, que vai ser o dia do plantão.

De acordo com a irmã, ela foi a última pessoa a vê-lo vivo, na quarta-feira da semana passada. Sua casa ficava em uma área remota, sendo que o vizinho mais próximo fica a mais de 500 metros, do outro lado de um rio. Ele, segundo a irmã, não teria visto sinais de fumaça causados pelo incêndio na casa.

O corpo de Cedric foi encontrado por um pedreiro, que estava trabalhando em uma obra do lado de fora da casa.

Procurada, a Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o crime. O assassinato chocou amigos do artista. Entre eles, a fotógrafa francesa Claire Alice Jean, há mais de três décadas radicada no Rio.

Estou inconformada com tanta violência, muito chocada com tanta desumanidade. Perdi um grande amigo, um artista que estava no processo de construir seu ninho com amor, num lugar paradisíaco. Estava trabalhando muito para deixar o espaço aconchegante. Era uma pessoa doce, que se dava bem com todo mundo e só queria amor.

De acordo com a artista, ele estava no meio de seu maior projeto até então. O trabalho, que a artista estimava que iria levar mais de cinco anos para ficar pronto, envolvia uma exposição de fotos, filme, canto e apresentação.

Ele fazia peças artesanais com tecidos e cordas, amarradas feito macramê. Cada uma representava um orixá. Ele vestia a peças e performava. Até agora só tinha dado tempo de trabalhar três peças, e elas foram queimadas. Infelizmente tocaram fogo na casa dele, e se foram todas as recordações: artes e documentos. Ele estava escrevendo um livro sobre o processo e as pesquisas dele.

De acordo com Claire, os amigos do artista vão se juntar para realizar uma exposição em sua homenagem.

O grande projeto artístico que estava em andamento, abortado tragicamente, tem que ser divulgado. Vamos trabalhar para juntar o material de vídeo e de fotos para elaborar uma homenagem a este artista de talento.

SUSPEITA DE INTOLERÂNCIA

Amigos do francês afirmam que ele pode ter sido vítima de um crime de intolerância. Cedric era gay e praticava candomblé.

Acredito que ele foi executado por essas questões. Por ele ser gay, do candomblé, estrangeiro e artista. Algumas pessoas da cidade falam da possibilidade de ter traficantes já no lugar conta uma amiga, que não quis se identificar.

A primeira vez que o francês esteve em Paraty foi aos 16 anos. Desde então, estava decidido a se mudar, fazendo da cidade seu novo endereço. O terreno em Barra Grande foi comprado com a quantia recebida por uma herança.

Era a cidade que eu tinha escolhido morar há muito tempo. Ele morava no Centro (de Paraty) e depois resolveu se mudar para o sítio em Barra Grande, mais afastado. Ele já tinha vindo à cidade várias vezes, desde os 16 anos  contou a amiga.

CRIMINALIDADE EM ALTA

Paraty tem sofrido com uma alta na criminalidade nos últimos anos. No ano passado, 31 pessoas morreram de forma violenta no município, de acordo com registros da 167ª DP (Paraty). Em 2016, foram 34 pessoas, o maior número da série histórica disponível na internet, iniciada em 2003 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Neste ano, até maio, foram 15 mortes.

No ano passado também houve uma explosão no número de roubos de veículo, principal indicador da insegurança da população, por ter baixa subnotificação. Foram 13 casos em 2017, contra uma média de três por ano em anos anteriores. Neste ano, até maio, foram registrados três

Fonte: Jornal Extra