O cenário se repete quando se observa o número de mortes pela doença.
Alheia aos avanços da medicina, a taxa de mortalidade por Aids no Estado do Rio aumentou 11% entre 2005 e 2014, último ano com dados consolidados, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. O relatório mostra ainda que, nesse mesmo período, o índice nacional cresceu bem menos, 1,6%. O cenário se repete quando se observa o número de mortes pela doença: o estado registrou 18% mais óbitos nesse intervalo, contra 12% em nível nacional.
É diante desse quadro que, na última quinta-feira, pacientes com sorologia positiva assistiram ao encerramento das atividades do Centro de Referência em HIV/Aids no Hospital São Francisco de Assis (HSFA), na Tijuca. Devido à crise financeira, o governo estadual suspendeu o contrato com a organização social que administra a unidade, e o serviço, que atende cerca de 800 pacientes, foi transferido para o Iaserj Maracanã. O local passou a abrigar apenas o ambulatório e a farmácia. No hospital da Tijuca, no entanto, o Centro de Referência contava com internação em enfermaria e UTI, além de exames como tomografia, colonoscopia, endoscopia e broncoscopia.
— São menos leitos destinados a pacientes com Aids. Tenho colegas com sorologia positiva morrendo porque não conseguem internação. Ainda temos que enfrentar falta de medicação. Estou sem receber o remédio valaciclovir — disse o ator Cazu Barroz, de 43 anos, mostrando a carta que mandou ao Papa Francisco, pedindo ajuda para que o serviço reabra no HSFA. — Ele esteve na inauguração do serviço. É nossa última esperança.
A Secretaria estadual de Saúde (SES) não informou por que o valaciclovir está em falta e garantiu que as internações serão encaminhadas, por meio da Central de Regulação, a hospitais de referência na rede. Os exames também serão marcados por meio do sistema de regulação.
De acordo com a SES, cerca de 65 mil pessoas estão em tratamento de HIV/Aids no Estado do Rio.