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MONUMENTO Á LÍDER QUILOMBOLA É VANDALIZADO EM MAGÉ COM SÍMBOLO NAZITA

Obra da artista mageense Cristina Febrone, o busto perpetua a história de Maria Conga.

Um busto em homenagem a Maria Conga, localizado no Píer da Piedade, em Magé, foi vandalizado com símbolos nazistas por criminosos no último fim de semana. O monumento, inaugurado em novembro de 2021, exalta a memória da líder quilombola que marcou a história da cidade de Magé ao fundar um quilombo na região.

A terapeuta integrativa Fernanda Maia, de 30 anos, mora na localidade e esteve no píer. Umbandista, ela foi até o local acompanhada de seu sacerdote, que ainda não conhecia o busto. Ao chegar, se deparou com a ausência da placa e os riscos na peça de metal que representa a figura histórica.

Um dos riscos era uma suástica nazista. Soa como um lembrete: “ainda estamos aqui”. A luta ainda não acabou, está longe disso, mas não pode ficar estampado assim. Espero que movimentos positivos sejam criados para que essas pessoas saibam que não é bem por aí. Isso é crime. Não pode acontecer e não vai mais diz a terapeuta.

Em nota, a prefeitura de Magé afirmou que repudia com veemência o ato de vandalismo, e que sente orgulho de ter instalado o monumento em um dos pontos turísticos mais movimentados da cidade. Além disso, a prefeitura também diz que vai instalar um sistema de monitoramento com câmeras de segurança.

No entorno do monumento, a terapeuta Fernanda Maia conta que percebeu comportamento normal nos moradores, que não mostravam indignação com o ato de vandalismo. Ela conta, ainda, que, ao publicar o ocorrido nas redes sociais, um usuário comentou que o busto “estava no lugar errado”.

Vi algumas pessoas conversando despreocupadas e aquilo já me deixou extremamente irritada. A falta de indignação. O desleixo que a cidade tem com seus monumentos históricos. Uma pessoa comentou que o busto está no local errado, que deveria estar dentro do quilombo. Então, existe da própria população, sobretudo branca, uma vontade desse afastamento, dessa exclusão. Isso se perpetua relata.

Obra da artista mageense Cristina Febrone, o busto perpetua a história de Maria Conga, que chegou ao Brasil escravizada e retirada do Congo, seu país de origem. Nascida em 1792, filha de um rei africano, ela chegou à Bahia em um navio negreiro, no ano de 1804. Aos 18 anos, foi vendida a um senhor de engenho da região de Magé e, aos 24 anos, foi comercializada novamente.

A alforria de Maria Conga foi decretada aos 35 anos, quando fundou o quilombo Maria Conga  hoje reconhecido pela Fundação Palmares, onde protegeu e cuidou dos negros escravizados que fugiam das senzalas da região.

Intolerância religiosa
Maria Conga também tem devoção espiritual pelos religiosos de matriz africana, principalmente da Umbanda, onde é louvada como um dos espíritos da falange de “pretos-velhos”, o que também causou indignação do ponto de vista religioso e cultural.

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