Site icon Rede TV Mais

Mais um delator da Lava Jato confirma propina de US$ 5 milhões para Cunha

O dinheiro das propinas teria vindo das empresas Samsung e Mitsui.

Em depoimento no acordo de delação premiada sobre o esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Baiano, afirmou a investigadores que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria recebido US$ 5 milhões em propina.

A declaração reforça a acusação do lobista Júlio Camargo, de que o peemedebista recebeu dinheiro de recursos desviados de contratos de aluguel de navios-sonda para a Petrobrás e que embasaram a denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Cunha no STF.

Segundo Janot, Cunha era “sócio oculto de Baiano” e o “destinatário final da propina paga.”

Cunha nega qualquer envolvimento com o esquema de corrupção com a Petrobras, ele tem até o final de outubro para apresentar defesa das acusações. Ministros do STF, vão decidir se aceitam as denúncias da Procuradoria, abrindo uma ação penal, transformando Cunha em réu. Caso seja aceita a denúncia, o presidente da Câmara responderá por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Em julho deste ano,  o delator na Operação Lava Jato, o ex-consultor da Toyo Setal, Júlio Camargo, afirmara em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que o presidente da Câmara,  pedira 5 milhões de dólares em propina para que um contrato de navios-sondas da Petrobras fosse viabilizado.

No depoimento, Camargo disse que encontrou pessoalmente com Cunha, em reunião que envolveu também o lobista Fernando Soares, conhecido como “Baiano”, um dos presos da Lava Jato. O dinheiro teria sido pago, em nome de Cunha, ao doleiro Alberto Youssef. Segundo ele, o dinheiro seria utilizado em campanhas políticas e Youssef foi acionado porque a operação precisava ser feita com agilidade, e o doleiro tinha dinheiro disponível.

O peemedebista voltou a negar que tenha recebido propina do empresário e acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ter “obrigado” Camargo a mentir. “Qualquer coisa que seja a versão que está sendo atribuída é mentira. É mais um fato falso, até porque esse delator [Camargo], se ele está mentindo, desmentindo o que ele delatou, ele por si só já perde o direito a sua delação”, disse Cunha antes de citar Janot. “É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador-Geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador-Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir”.

Desde a divulgação da lista encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Janot, com os nomes de políticos envolvidos na Operação Lava Jato, o presidente da Câmara diz ter havido motivação política  para a citação de seu nome na lista. “Tem muitos fatos estranhos desde o início que me colocaram nessa operação da atuação do Poder executivo. Há muito estranheza com relação a isso. Desde o início nós estranhamos isso. Eu não gosto de fazer acusação que não posso provar”.

Segundo Cunha, as ações buscaram fragilizá-lo. “A mim não vão fragilizar e, geralmente quando tentaram fazer isso com a instauração do inquérito há quatro meses, o efeito foi reverso. Foi bumerangue”, disse o presidente da Câmara. Na opinião de Eduardo Cunha, o depoimento de Camargo foi nulo por ter sido prestado na Justiça de primeira instância. E por ter foro privilegiado, todas as investigações envolvendo seu nome têm que passar pelo STF. “Essa delação dele não existe, é nula porque foi homologada por autoridade incompetente, porque se eu faço parte da delação dele, não é o juiz [Sergio Moro] que deveria homologá-la, mas, sim, o Supremo Tribunal Federal”.


Fonte: Folha de São Paulo