Magé aposta no herdeiro político. Guapimirim mira novo rosto.
Com a limitação constitucional imposta aos prefeitos que cumpriram dois mandatos consecutivos, Renato Cozzolino (Magé) e Marina Rocha (Guapimirim), ficam impedidos de disputar eleição majoritária em 2028, abrindo caminho para novas lideranças. O dispositivo que veda essa terceira eleição e está previsto no art. 14, § 5º, da Constituição Federal, conformado pela jurisprudência do TSE e do STF, que reconhece a “proibição da terceira reeleição” como uma inelegibilidade absoluta para o mesmo cargo executivo.
Em Magé, o nome mais forte nos bastidores é Vadeck Ferreira (PP), atual presidente da Câmara e detentor de recordes eleitorais em disputas proporcionais. Ele é tido como o candidato ideal para manter a governabilidade junto a Cozzolino.
MAGÉ E GUAPIMIRIM: SUCESSÃO MAJORITÁRIA APONTA CONTINUIDADE COM NOVAS FACES
Por que Valdeck Ferreira é o “fato político” da sucessão em Magé
1) Maior votação individual para vereador em 2024
Valdeck (PP) teve 10.549 votos (7,28%) e foi o mais votado à Câmara em 2024, um desempenho que o coloca à frente do pelotão proporcional e o credencia como principal ativo eleitoral do grupo governista.
2) Capilaridade política e comando institucional
Atual presidente da Câmara (mandato 2025-2028), Valdeck acumula cinco mandatos e transita como articulador estável entre base parlamentar e Executivo — uma peça central para manter agenda e projetos em curso.
3) Alinhamento com uma gestão de aprovação recorde
O prefeito Renato Cozzolino (PP) foi reeleito no 1º turno com 88,74% (125.902 votos), um dos maiores percentuais do país em 2024 — indicador de força do projeto político ao qual Valdeck é associado. A leitura estratégica é simples: quem lidera a Câmara e compartilha o programa vencedor tende a herdar a coalizão e a estrutura de campanha.
4) Base governista numerosa
A reeleição folgada do Executivo veio acompanhada de bancada robusta e nomes competitivos no Legislativo, ambiente em que Valdeck circula com vantagem por já presidir a Casa — o que simplifica construção de alianças para uma candidatura majoritária.
5) Viabilidade jurídica clara
Diferentemente do prefeito — alcançado pela vedação constitucional à terceira eleição seguida no mesmo cargo — vereadores não têm limitação de reeleições para disputar a Prefeitura. A jurisprudência do TSE sobre a “proibição do terceiro mandato” mira chefes do Executivo, não parlamentares municipais.
Síntese — Magé: desempenho nas urnas, comando da Câmara, alinhamento a uma gestão reeleita com votação histórica e uma base numerosa formam um pacote de viabilidade raro. Dentro do grupo governista, Valdeck Ferreira se apresenta hoje como indicativo praticamente natural para a sucessão.
Guapimirim: Marina Rocha prepara “renovação com lastro”
1) Mandatária impedida de novo pleito consecutivo
Eleita em 2024, Marina Rocha (Agir) não pode tentar uma terceira eleição consecutiva à frente do Executivo na sequência — a vedação constitucional é a mesma aplicada aos demais prefeitos.
2) Nome novo com selo da gestão
Nos bastidores, a prefeita aposta em um quadro técnico-político com quem já opera a máquina municipal: o secretário da Casa Civil, Caio Cezar Silveira Leal. O site oficial da Prefeitura lista Caio como titular da pasta; Diários Oficiais e atos administrativos recentes também o referendam na função — sinais de confiança e protagonismo na engrenagem da gestão.
3) Continuidade sem “sobrenome” — e com coalizão
A vitória de Marina em 2024 consolidou uma coligação ampla (Agir, PSD, MDB, PP, União e Republicanos), base com a qual Caio tem convivência cotidiana na coordenação política e administrativa — atributo visto como essencial para manter ritmo de entregas sem personalizar a sucessão em nomes familiares.
4) Mensagem ao eleitorado
A narrativa que emerge é de “renovação responsável”: um nome novo, porém testado na gestão, com cancha burocrática para navegar licitações, contratos, metas e integração entre secretarias — e com chancela da prefeita. Isso reduz incerteza e dá previsibilidade a fornecedores, funcionalismo e serviços, argumentos caros ao eleitor pragmático.
Valdeck Ferreira e Caio Cezar
O que está em jogo em cada cidade
Magé: com a máquina alinhada e um eleitorado que chancelou a continuidade em 2024, a disputa tende a ser travada na arena governista. A variável é quem melhor simboliza continuidade+gestão; hoje, Valdeck reúne voto, cadeira e caneta (da Câmara) para organizar a sucessão.
Guapimirim: a prefeita Marina Rocha precisa apresentar alguém capaz de manter o ritmo sem desgaste — e Caio Leal aparece como aposta funcional, com assinatura técnica e confiança política acumuladas na Casa Civil.