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Máfia da saúde: empresa que não pagou propina tomou calote da PM

Segundo a funcionária R$ 450 mil referentes ao contrato demoraram 11 meses para serem pagos.

Uma empresa de material médico que se recusou a pagar propina à quadrilha que desviou mais de R$ 16 milhões do Fundo de Saúde da PM (Fuspom) tomou calote e ainda deixou de ser contratada pela corporação. O sócio e a gerente de vendas da fornecedora prestaram depoimentos como testemunhas durante das investigações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (Ssinte) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e afirmaram que, após a recusa do pagamento de propina, a empresa sofreu “sanções” da quadrilha.

A gerente de vendas disse aos investigadores que a empresa já tinha um contrato celebrado com a PM no valor de R$ 450 mil para fornecimento de materiais cirúrgicos descartáveis. Para assinar esse contrato, a empresa foi escolhida num pregão  procedimento pouco usado pela quadrilha, que fazia a maioria das compras fraudulentas através de procedimentos de adesão a atas de registro de preços, ou seja, sem licitação.

Segundo a funcionária, após a recusa no pagamento de propina, a empresa passou a ter “sérios problemas com o setor administrativo da PM”. Ela relatou que os R$ 450 mil referentes ao contrato demoraram 11 meses para serem pagos: a empresa só recebeu o pagamento em novembro de 2014, após as fraudes começarem a ser investigadas, sem juros ou correção monetária. De acordo com a gerente, a PM “fez de tudo para dificultar o pagamento da quantia”. Para os investigadores, o atraso foi proposital “com intuito de fazer com que os fornecedores, em caso de eventual nova contratação, acabassem por sucumbir ao pagamento dos valores e dos percentuais exigidos ilicitamente”.

Além disso, segundo o MP, a empresa “não era contratada ou se estava em boa colocação no pregão licitatório, poucas vezes realizado, era desclassificada pelos pregoeiros, sendo contratada a sociedade empresária fornecedora que prometia ou oferecia vantagem econômica indevida à organização criminosa”.


Fonte: Extra