A mudança repercutiu imediatamente no meio político.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (21) a demissão de Márcio Macêdo do cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Em seu lugar, Lula nomeou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que assume o posto com a missão de estreitar a relação entre o governo e os movimentos sociais — especialmente em um contexto de preparação para as eleições municipais e para a sucessão presidencial de 2026.
A mudança marca uma importante reconfiguração política dentro do Palácio do Planalto. Márcio Macêdo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em Sergipe e aliado histórico de Lula, vinha enfrentando críticas internas por uma suposta falta de protagonismo na articulação com movimentos populares e setores da sociedade civil. A decisão de substituí-lo foi tratada com cuidado nos bastidores, mas já vinha sendo cogitada há semanas.
Segundo fontes do Planalto, Lula avaliou que era o momento de imprimir novo ritmo ao diálogo com a base social do governo, e viu em Boulos um nome capaz de revigorar essa ponte. O deputado do PSOL que em 2026 deve disputar novamente a Prefeitura de São Paulo com apoio do PT é reconhecido por sua atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e por sua capacidade de mobilização política.
Missão: reaproximar governo e ruas
Com a chegada ao cargo, Boulos deverá comandar uma pasta estratégica: a Secretaria-Geral é responsável por articular o relacionamento do governo com os movimentos sociais, sindicatos e organizações civis, além de coordenar políticas de transparência e participação popular.
A nomeação é vista também como um gesto de Lula ao campo progressista que o apoiou em 2022, mas que vinha demonstrando insatisfação com a falta de avanços em pautas sociais, ambientais e de direitos humanos. O presidente aposta que a presença de Boulos no Planalto pode reacender a militância e reaproximar o governo das ruas, em um momento em que a popularidade do governo sofre oscilações.
Repercussões políticas
A mudança repercutiu imediatamente no meio político. Integrantes do PT elogiaram o gesto de renovação, embora reconheçam que a entrada de um nome de fora do partido em um posto tão estratégico é uma decisão ousada. Já aliados do centrão demonstraram cautela, avaliando como será o estilo de Boulos na relação com diferentes setores do governo e do Congresso.
Nos bastidores, interlocutores de Lula afirmam que Márcio Macêdo deverá ser reaproveitado em outra função dentro do governo, possivelmente em cargos ligados à área de planejamento ou gestão.
Próximos passos
Guilherme Boulos deve tomar posse nos próximos dias e promete iniciar um ciclo de reuniões com representantes de movimentos sociais, centrais sindicais e coletivos de juventude. Em nota, o novo ministro afirmou que sua prioridade será “fortalecer a escuta popular e o diálogo permanente com quem faz o Brasil real”.
Com essa decisão, Lula sinaliza que pretende entrar em 2026 com um governo mais politizado, próximo das bases e sintonizado com as demandas da sociedade civil — um movimento que também reforça o papel de Boulos como uma das principais lideranças da esquerda brasileira para o futuro.