Parlamentares são investigados na operação ‘Cadeia Velha’, desdobramento da Lava Jato.
Os parlamentares são investigados na operação ‘Cadeia Velha’, um desdobramento da Lava Jato. Agora, processo será enviado para aprovação na Alerj. Após a votação, os desembargadores determinaram a expedição imediata dos mandados de prisão.
Para o desembargador federal Messod Azulay Neto, há “uma verdadeira organização criminosa constituída no parlamento”. “Os parlamentares trabalhavam para fabricar legislação para o setor de transporte à base de pagamentos. Tudo isso em prejuízo do estado, da saúde, da segurança pública. Isso faz com que as pessoas não consigam sair de casa. E o dinheiro vai para o bolso deles. Agora, a história que julgue a Assembléia Legislativa e o povo faça o que tiver que fazer”, disse Neto.
Picciani é acusado de blindar ações contra o governo do estado na Alerj
Picciani é apontado como o responsável por ‘blindar’ todas as ações contrárias ao governo estadual na Casa, além de barras a instalação de CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito), conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o MPF, no telefone de Picciani, apreendido durante a operação Quinto do Ouro, em março, foram encontrados diversos registros de mensagens trocadas com outros parlamentares. Entre as conversas, uma com o deputado Gustavo Tutuca, onde o presidente da Alerj dá o aval para instalação da CPI da Uerj, mas “orienta o interlocutor a limitar o objeto da investigação, de modo a não atingir o governo: ‘tem que ser em cima da folha senão vira contra o governo que não passa no custeio'”.
Em nota, o deputado Tutuca esclarece que, desde o início, o intuito da criação da CPI era identificar discrepâncias nas folhas de pagamento. Na conversa, ele consultou Picciani para saber se o momento era adequado para dar sequência à CPI.
Ainda segundo a denúncia, “o consistente diálogo, tido em março de 2017, após a prisão de Sérgio Cabral, não só confirmou o poder de Picciani junto a seus pares, como reafirmou a estratégia de blindagem do governo, deixando claro que a rejeição da CPI sobre o esquema da Fetranspor teve influência direta do atual presidente da Alerj”. O DIA não conseguiu contato com a assessoria de Picciani, mas à TV Globo, ele alegou que a “CPI não foi instalada e que nenhuma medida beneficiando as empresas de ônibus foi aprovada, o que demonstra, que a Alerj é uma casa plural, não submetida a nenhum tipo de autocracia”.
Picciani levou propina de R$ 58 milhões, afirma PF
O MP apontou propina de R$ 58,58 milhões ao presidente da Alerj entre 15 de julho de 2010 e 14 de julho de 2015. Deste montante, o peemedebista identificado como “Platina” ou “Satélite” levou R$ 49,96 milhões a mando da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) e R$ 8,62 milhões a mando do ex-governador do Estado Sérgio Cabral (PMDB).
Jorge Picciani foi levado a depor na Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato, nesta terça-feira. Seu filho Felipe Picciani foi preso pela Polícia Federal. Ele é irmão de Leonardo Picciani, ministro dos Esportes do Governo Michel Temer (PMDB).
O operador financeiro e delator da Lava Jato Álvaro Novis relatou que “os pagamentos efetuados a mando da Fetranspor para Picciani iniciaram na década de 90 e perduraram até a véspera da Operação Xepa da Lava Jato, em 2016, mas que só possuía parte das planilhas de pagamentos feitos a Jorge Picciani”.
Fonte: Jornal O Dia