Entre os membros do Executivo, somente um ‘milagre’ fará com que a folha seja quitada totalmente em 14 de abril.
O governo deve anunciar, até o fim da semana, o parcelamento dos salários dos servidores públicos do estado. As receitas que entrarão no caixa da Secretaria de Fazenda, nos próximos dias, definirão como será feita a divisão dos vencimentos. A tendência é que seja adotada a mesma receita que foi colocada em prática no pagamento dos salários de novembro (quitados em dezembro). Na época, todos os servidores receberam R$ 2 mil. Quem recebia valor superior, aguardou o depósito ao longo do mês.
Entre os membros do Executivo, somente um ‘milagre’ fará com que a folha seja quitada totalmente em 14 de abril. Um deles é a liberação, por parte da Fazenda Nacional, do empréstimo de R$ 1 bilhão para financiar o Rioprevidência, e assim bancar os benefícios dos 153.463 inativos e 94.835 pensionistas. Nesta terça-feira, em entrevista o governador interino Francisco Dornelles garantiu, apenas, que todos receberão no dia 14, sem definir se de forma integral.
— Que vai ser pago um percentual, vai. E será avisado com antecedência ao servidor. No mais tardar até o final da semana. O nosso maior sofrimento é não pagar alguém que conta com um salário que não vem. Vamos fazer todo o esforço até a última hora. Temos uma arrecadação maior em abril dos aumentos de impostos do fim do ano passado. Agora, é analisar o comportamento dessa arrecadação — disse Dornelles.
A tendência é que o governo estipule um teto para o pagamento no 10º dia útil do mês. A prioridade, em meio à situação complicada que o estado vive, é que os funcionários com salários mais baixos sejam os menos prejudicados.
— Temos de analisar o que está à nossa disposição. A tendência é essa. Pagar o valor mínimo que pudesse fazer com que 50% do funcionalismo receba o salário integral. De forma que as pessoas de menor renda não sejam prejudicadas — completou.
Hoje, os servidores iniciam uma greve geral com prazo indeterminado. O secretário de Governo, Affonso Monnerat, terá uma reunião com membros do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado do Rio (Muspe), que lideram a paralisação do funcionalismo.
Confira a entrevista com o governador interino Francisco Dornelles
A situação poderia ser ainda pior caso não houvesse a esperança no aumento de receita?
A situação seria bem pior. Quero deixar claro que a nossa maior preocupação é pagar o funcionalismo. A esperança é que a economia volte a crescer. Acho que, se o país não voltar a crescer, a situação em todos os estados vai ficar caótica.
Os servidores podem sofrer caso a economia siga em queda?
Por enquanto, não pensamos em maldades contra o servidor. Temos de acreditar que a economia vai crescer. Esperar como será o dia a dia. Temos que tirar ovo de cartola. O problema que a cartola está acabando.
O senhor concorda com a greve geral que começa hoje?
Desde que não seja na base do encapuzado, é normal. O problema é que grande parte desses camaradas que lideram greves de professor, nem professores são.
Sobre as ocupações de escolas, o governo já tem uma solução?
A única coisa que garanto é que a polícia não entrará. De jeito nenhum. Os alunos têm de se acertar com os professores e a secretaria. Se não aceitarem, ficam sem aula. Mas tenho certeza de que o secretário vai achar uma solução.
E se não achar?
Vai achar.