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Estação Ferroviária de Engenheiro Passos em Resende (RJ) é revitalizada. Em Mauá, abandono

Dois lados de uma mesma moeda. Preservação e abandono. 

Após celebração de termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Púbico Federal (MPF), a empresa MRS Logística, que detém a concessão para exploração dos serviços de transporte ferroviário de carga na Malha Sudeste, concluiu as obras para reforma e revitalização da Estação Ferroviária de Engenheiro Passos, em Resende (RJ). O armazém possui 400 m² e, a área externa, que contempla espaço de circulação livre, calçadas e estacionamento, 1,6 mil m². 

Os espaços passaram por reforma e revitalização, preservando características originais, como o lambrequim do telhado, já que integra o patrimônio ferroviário catalogado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O local representará um novo ponto turístico para o distrito, cabendo ao município de Resende a gestão do espaço.

Obras foram resultado de TAC celebrado para conservação da memória ferroviária do Brasil.

Inaugurada há quase um século e meio, em 1873, a estação teve como primeiro nome “Estação de Boa Vista”. Após uma homenagem ao diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil e ex-prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Francisco Pereira Passos, a estação ganhou um novo nome, consolidado até hoje. Em seus primeiros anos de funcionamento, foi uma estação de grande importância para a região, uma vez que nela se concentrava o escoamento de matérias primas, como café, fumo e cereais para os polos exportadores (Rio de Janeiro e São Paulo). A estação é a última do ramal em território fluminense e está a aproximadamente três quilômetros do estado de São Paulo.

Em pareceres técnicos, o Iphan considerou o conjunto importante para a memória ferroviária nacional e para a comunidade regional, que os tem como ponto de referência às margens da Rodovia Presidente Dutra e da Academia Militar as Agulhas Negras.

ESTAÇÃO POUCO VALORIZADA

Numa cerimônia que contou com a presença de Dom Pedro II, em 30 de abril de 1854, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, botou o Brasil nos trilhos. Era a inauguração da primeira ferrovia do país, em Magé, que ligava o porto de Mauá, no fundo da Baía de Guanabara, a Fragoso, em Raiz da Serra, a 14 quilômetros de distância.

A festa apresentou ao monarca e aos moradores da região a maria-fumaça Baronesa, primeira locomotiva do Brasil. Ela partiu da pequena estação Guia de Pacobaíba, que foi desativada na década de 1960 e vem protagonizando histórias bem menos glamourosas nos últimos 50 anos. Passou por várias tentativas de revitalização, já foi invadida, teve as portas arrombadas, virou depósito de lixo e hoje está fechada, com telhado quebrado e marcas de pichação.

Em março de 2018, o órgão federal concedeu ao município o direito de usar e administrar o complexo, que inclui a antiga casa dos agentes ferroviários, o terreno e o trecho tombado da ferrovia Mauá-Fragoso. O espaço terá, obrigatoriamente, que ser usado com finalidades culturais. Apesar da importância histórica, Guia de Pacobaíba nunca foi valorizada pelo município. Com exceção da inscrição na entrada do distrito, não há placas ou qualquer outra sinalização indicando o caminho até a estação, de onde se tem uma bela vista das ilhas de Brocoió e Paquetá.

Numa das muitas tentativas de revitalização, a área ganhou um paisagismo com coqueiros e palmeiras, que nos fins de semana atrai moradores para piqueniques e passeios de bicicleta. Do lado de fora, capim alto, muito entulho e uma réplica de locomotiva arranhada e enferrujada completam o cenário de descaso. Sobraram poucos metros dos antigos trilhos. Um pequeno carrinho usado na ferrovia, coberto de ferrugem, também foi esquecido por lá.

O trecho ferroviário de Mauá para Fragoso, onde fica a estação, foi considerado Monumento Histórico Nacional e tombado pela antiga Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1954, no centenário da inauguração da ferrovia. De acordo com a Associação Ferroviária Trilhos do Rio, há registros de que a estação atual foi aberta em 1896, quando houve uma grande reforma no porto. Outra mudança foi a do próprio nome, em 1945: de Estação de Mauá, passou a ser chamada de Guia de Pacobaíba. Em 2007, esse patrimônio foi transferido para o Iphan, que abandonou o patrimônio em Mauá, passando a responsabilidade da preservação para o município, assim como todo o espólio da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima com valor histórico, preservando algumas estações.

Segundo servidores do patrimônio ferroviário do Iphan, a cessão de uso para Magé tem prazo de cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período, e apresenta como principal condição a instalação de um espaço “com fins culturais que valorizem a memória da ferrovia”.

EM DEFESA DA FERROVIA

Para o pesquisador Antonio Pastori, presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, a estação deveria ser reativada:

Reabrir como centro cultural é melhor do que deixar fechada. Mas acreditamos que o melhor seria retomar a atividade ferroviária por lá. Ela é um ícone e, por isso, deveria ser preservada. Nosso projeto é a volta da viagem a Petrópolis, como fazia o imperador. Ele vinha pela Baía de Guanabara de barca, pegava o trem em Guia de Pacobaíba, ia até o pé da serra de Petrópolis, e de lá subia numa cremalheira por 25 minutos. O trajeto era feito em duas horas. Restabelecer essa rota não é só resgatar a memória, é melhorar a mobilidade urbana de Magé.

Como conta o historiador Jorge Caldeira, a nobreza da época, que não se afinava com Irineu, fazia piadas com o título que veio agraciá-lo: “se é para o Irineu, algo de mau… há“.


Em 2018, a Prefeitura de Magé promoveu a comemoração pelos 164 anos, da primeira Estrada Férrea do Brasil, na Estação da Guia de Pacobaíba. O evento, parceria das secretarias de Serviços Públicos, Educação, e Turismo, contou com várias exposições e palestras sobre a história da primeira ferrovia do país.

Uma farsa do Instituto de preservação do Patrimônio Histórico da República brasileira!

O IPHAN ao Transferir a responsabilidade de preservar o bem histórico para o município, deflagrando um golpe e tirando de suas costas a responsabilidade que é natural do instituto. Lamentável essa atitude, que em contra partida, encontra em outros municípios do Rio de Janeiro, apoio para revitalização.


Antonio Alexandre, Magé Online.com  – Notícias 

 

 

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