Colunista do GLOBO teve crise de asma, seguida de parada cardíaca.
Escritora, atriz, roteirista, apresentadora de TV e colunista de O GLOBO, Fernanda Young morreu, aos 49 anos, às 3h deste domingo, no hospital de Gonçalves (MG), onde a família tem sítio. A atriz foi vitimada por uma crise de asma seguida de parada respiratória.
Fernanda, que sofria de asma desde a adolescência, começou a sentir falta de ar no fim da tarde de sábado, conforme relato de Rosário Gondim, amiga da escritora, que mora na cidade mineira.
Não estava com ela, mas soube que, à noite, o quadro piorou e Fernanda tomou um remédio que fez com que o quadro melhorasse num primeiro momento contou Rosário. Horas depois, no entanto, Fernanda passou mal novamente, vomitou e acabou aspirando o vômito, o que foi fatal.
O caseiro do sítio teria tentado reanimá-la com massagem cardíaca e a levado ao hospital local, onde a escritora faleceu. O velório foi realizado na tarde deste domingo, no cemitério Congonhas, em São Paulo.
O sepultamento aconteceu no fim da tarde sem a presença da imprensa, ao som de Madonna, tocada num celular de um dos presentes.
Última postagem nas redes
Em sua última postagem no Instagram, feita há 14 horas, Fernanda compartilhou a foto da sala de estar do sítio em Gonçalves (MG), onde estava na noite de sábado. Junto da foto, escreveu a legenda: “Onde queres descanso, sou desejo” .
A atriz entraria em cartaz no dia 12 de setembro em São Paulo com a peça “Ainda nada de novo”, em que contracenaria com Fernanda Nobre (leia aentrevista de Fernanda Young para a revista Ela deste domingo).
Editora de seu último livro, “Pós-F.: Para além do masculino e do feminino” (2018), a LeYa Brasil deve adiantar a publicação de um romance inédito, inicialmente previsto para novembro. Com o título”Posso pedir perdão, só não posso deixar de pecar”, o livro foi escrito por Fernanda aos 17 anos e encontrado recentemente por ela, que retrabalhou o texto. A editora também tem em mãos um romance que a autora escrevia quando encontrou os originais de seu primeiro livro, e que deve ser lançado posteriormente.
Fernanda iniciou sua carreira na TV em 1995, na série “A comédia da vida privada”, adaptação de textos de Luis Fernando Verissimo que assinou com o marido, Alexandre Machado, exibida pela Rede Globo. Em 1996 lançou o primeiro livro, “Vergonha dos pés”, pela editora Objetiva.
Em 2001, ela lançou um de seus maiores sucessos na TV, a série “Os normais”, estrelada por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, co-roteirizada por Alexandre Machado e Jorge Furtado.
Entrei na TV Globo com o Alexandre, trabalhando no programa “Dóris para maiores”, e conheci a Fernanda quando começamos a escrever “Os normais”. Ela era uma autora brilhante, com um humor ácido e um despudor completo, que é essencial para qualquer artista — destaca Furtado. Ela e o Alexandre marcaram época na TV, ao criar uma história de amor completamente diferente, colocando muito deles nos roteiros. Era uma grande autora, para além do humor.
Luiz Fernando Guimarães estrelaria outras duas produções roteirizadas por ela: “Super sincero” (2005), quadro exibido pelo “Fantástico” e “Minha nada mole vida” (2006). Em vídeo, o ator declarou que a morte da autora representa uma perda enorme para o meio artístico : “A gente nunca conta com o invevitável. É uma pessoa maravilhosa. Devo uma boa parte de um dos melhores anos da minha vida a Fernanda Young, Fernanda Torres, Alexandre Machado, que são carinhosíssimos.
A última produção assinada pelo casal foi a minissérie “Shippados”, estrelada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch , em exibição na Globoplay.
No cinema, além de “Os normais” (2003) e ” Os normais 2 — A noite mais maluca de todas”, Fernanda assinou os roteiros de “Bossa nova” (2000) e “Muito gelo e dois dedos d’água” (2006), tembém em parceira com Alexandre Machado.
Entre 2002 e 2004, a autora participou da primeira formação do programa “Saia justa”, do GNT, ao lado da jornalista Mônica Waldvogel, a atriz Marisa Orth e a cantora Rita Lee.
Em 2009, a atriz estrelou uma capa de “Playboy”, com fotos do amigo Bob Wolfenson. Na época, ela listou, no Twitter, dez motivos que a levaram a posar nua para a revista .
Em julho do ano passado, Fernanda passou a assinar uma coluna semanal em O GLOBO . Ao fechar a publicação das colunas, a autora mandou mensagem para Marina Caruso, editora da revista “Ela”: “A pequena jornalista que habita em mim está achando que pode ser correspondente de guerra”.
Fonte: jornal O Globo