Mais de 500 cidades brasileiras já têm mais idosos do que crianças, aponta levantamento do demógrafo José Eustáquio Alves.
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Um levantamento do demógrafo José Eustáquio Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE, revela que, em 531 dos 5.570 municípios brasileiros, o número de pessoas com 60 anos ou mais já supera o de menores de 15 anos. A maioria está nas regiões Sul e Sudeste. Niterói (RJ), Santos (SP) e São Caetano do Sul (SP) são as três cidades mais populosas que já permitem antecipar a realidade nacional prevista para 2031. Juntas, elas abrigam 224 mil idosos, bem mais que suas 178,5 mil crianças e adolescentes.
Além de o número de idosos superar o de crianças e adolescente em 2031, a população em idade para o trabalho (15 a 64 anos) vai começar a encolher em 2038. Segundo projeção divulgada recentemente pelo IBGE, 2018 será o primeiro ano em que essa mão de obra potencial crescerá num ritmo menor que o do total da população no Brasil. É o que os especialistas chamam de fim do bônus demográfico, o que limita as chances de o Brasil se tornar um país rico, como fizeram as nações desenvolvidas antes de envelhecerem. Isso porque haverá literalmente menos gente para produzir os bens e serviços que constituem o Produto Interno Bruto (PIB).
Não há país que enriqueceu depois de envelhecer porque a força de trabalho encolhe diz
Uma forma de compensação seria aumentar a produtividade desse grupo mais enxuto. Ou seja: cada trabalhador brasileiro precisará produzir mais que a média atual para o país seguir elevando o PIB per capita. O problema, aponta o sociólogo especialista em políticas sociais Luis Henrique da Silva de Paiva, é que o crescimento da produtividade do trabalhador brasileiro tem sido historicamente muito baixo.
SOLUÇÃO NA PREVIDÊNCIA
Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas, numa lista de 68 países, o empregado brasileiro é o 19° menos produtivo do mundo.
Nas décadas de 1970 e 1980, quando já sabíamos que íamos envelhecer, o Brasil deveria ter investido em educação e em treinamento para garantir o crescimento via aumento de produtividade no futuro. Mas perdemos essa janela diz o especialista em demografia Gustavo Naves Givisiez, da Universidade Federal Fluminense (UFF).