Reserva Biológica de Guaratiba: I encontro científico traz pesquisas sobre o manguezal.
Aberto à comunidade, evento debateu a pesquisa científica como instrumento de gestão de unidades de conservação
A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) iniciaram nesta quarta-feira (04/11) as atividades do I Encontro Científico da Reserva Biológica Estadual de Guaratiba, localizada na Zona Oeste do Rio. Cerca de 120 pessoas, entre estudantes, cientistas e profissionais da área ambiental, estiveram presentes na sede do Inea, onde puderam conhecer o grande potencial da reserva ecológica de Guaratiba para receber pesquisas científicas e atividades de educação ambiental.
O presidente do Inea, Marcus Lima, abriu o evento enfatizando a importância da parceria entre a comunidade científica e os técnicos de campo do Inea para o fortalecimento das reservas estaduais.
“Muitas vezes no nosso dia a dia a gente não tem tempo para estudar, para pesquisar, então esses momentos, as horas técnicas, são muito importantes para a gente dar aquela parada e colocar a cabeça para funcionar, pensar fora da caixinha, ter esse tempo de reflexão”, declarou o presidente Marcus Lima.
Durante a abertura, o diretor de Biodiversidade e Florestas do Inea, Paulo Schiavo, agradeceu o comprometimento de todos os envolvidos na pesquisa científica e gestão das reservas ecológicas.
“Os próximos anos vão demandar muito da nossa capacidade de gestão, em vista da nossa disponibilidade de recursos. Temos que tocar essa bola pra frente e evoluir cada vez mais. Nesse sentido, o encontro científico colabora enormemente para, a partir do conhecimento, chegar aonde a gente precisa na gestão pública das unidades de conservação”, disse Schiavo.
No primeiro dia de atividades, os palestrantes Eduardo Pinheiro Antunes, chefe da Reserva Estadual Barra de Guaratiba, e Luana Bianquini, engenheira florestal do Inea, abordaram a importância da contribuição acadêmica e da sociedade civil no manejo e gestão da reserva ecológica.
O professor Alceu Magnani, de 82 anos, com vasta experiência na área ambiental, ressaltou a necessidade dos órgãos ambientais orientarem as instituições acadêmicas para a realização de pesquisas úteis. “Não adianta nada um banco de dados valioso, mas sem aplicação”, acrescentou o professor.
Trabalhos científicos realizados na reserva foram apresentados por especialistas do Inea, Uerj e Jardim Botânico abordando temas como efeitos das mudanças climáticas e o sequestro e estoque de carbono como serviços ambientais dos manguezais. O I Encontro Científico terá continuidade nesta quinta-feira (5/11) com profissionais da UFRJ, UFF, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Unirio, PUC e UFRRJ (Rural) no auditório Alceo Magnanini, no prédio sede da SEA/Inea (Avenida Venezuela, 110/6º andar). O evento é aberto à comunidade.
O evento foi encerrado com uma mesa redonda, que debateu a pesquisa como instrumento de gestão em unidades de conservação, destacando experiências com áreas protegidas em ecossistema de manguezal. Participaram da mesa Eduardo Lardosa (Inea), Maurício Muniz (ICMBio), Viviane Fernandez (UERJ) e, como mediadora, a Vanessa Teixeira, do Serviço de Planejamento e Pesquisa Científica do Inea.
A iniciativa faz parte do projeto de Fortalecimento das ações de educação ambiental em unidades de conservação do Estado do Rio de Janeiro (EdUC), realizado pela Secretaria do Ambiente e Inea e produzido pelo Instituto Moleque Mateiro de Educação Ambiental.
A Reserva Biológica de Guaratiba, situada no Rio de Janeiro, tem área de 3.360 hectares e protege importante remanescente de manguezal na Região Metropolitana, associado à Baía de Sepetiba. Cobrindo 1,6 mil hectares, o manguezal oferece serviços ambientais relevantes, dentre os quais a manutenção da diversidade biológica; a oferta de pontos de repouso e alimentação para diversas espécies de aves migratórias e a prevenção de inundações, além de servir como fonte de matéria orgânica para águas adjacentes.
Programação na quinta-feira (5/11):
10h – 10h45 Palestra: Distribuição da fauna bentônica no sedimento e raízes em um canal de mangue no sudeste do Brasil. Débora de Souza Silva (UFRRJ)
10h45 – 11h30 Palestra: Restingas fluminenses: Estudos integrados da flora visando à conservação, caracterização morfológica e bioatividades de espécies nativas. Alice Sato (Unirio)
11h30 – 12h15 Palestra: Composição das espécies de peixes jovens e adultos de pequeno porte encontradas no Canal do Bacalhau – Reserva Biológica de Guaratiba, em diferentes períodos do ano. Antonio Gomes da Cruz Filho (Fiperj e UFRRJ)
12h15 – 13h Palestra: Marcelo Motta (PUC – RJ)
14h – 14h45 Palestra: Reserva Biológica de Guaratiba: Dados arqueológicos inseridos no contexto ambiental e discussão a partir da atualização de dados provenientes de pesquisas arqueológicas mais recentes em outras áreas. Maria Cristina Tenório (UFRJ/ Museu Nacional)
14h45 – 15h30 Palestra: Perspectivas de planejamento territorial-ambiental da Reserva Biológica de Guaratiba – RJ. Adão Cândido de Castro (UFF)
15h30 – 17h30 Mesa-redonda: A pesquisa como instrumento de gestão em Unidades de Conservação: Experiências com áreas protegidas em ecossistema de manguezal. Participantes: Eduardo Ildefonso Lardosa (Gefau/ Inea), Maurício Muniz (APA de Guapimirim/ ICMBio), Viviane Fernandez (Nema/ Uerj). Mediadora: Vanessa Teixeira (Sepes/Inea)
17h30 – Encerramento e café da tarde