Empresas encerram parcerias com fabricantes de armas

Governador da Flórida propõe novas regras para o comércio de armas.

Pressionado após o ataque ao colégio Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, o governador da Flórida, Rick Scott, pediu que o legislativo estadual endureça as regras para evitar que jovens e pessoas com distúrbios mentais tenham acesso a armas de fogo. Em coletiva o político republicano, fiel aliado da Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês), se comprometeu a trabalhar durante as próximas duas semanas para aprovar nova regra que eleva a idade mínima de 18 para 21 anos para a compra de qualquer arma no estado.

Pelas regras atuais, a venda de armas de mão, como revólveres e pistolas, é liberada apenas para maiores de 21 anos, mas basta completar 18 anos para se comprar um fuzil de assalto. O governador também pediu a adoção de uma lei, já em vigor em outros estados americanos, permitindo que policiais, assistentes sociais e membros das famílias obtenham ordens de restrição para impedir a compra e a posse de armas de fogo por qualquer pessoa que apresente uma ameaça à segurança por doenças mentais ou comportamento violento.

Mas o governador, que recebeu apoio do lobby das armas e é classificado pela NRA como um grande defensor da causa, deixou claro que se opõe à proibição do comércio de fuzis de assalto, como defendido por ativistas que pedem maior controle sobre as armas de fogo no país. No massacre da Marjory Stoneman Douglas, o atirador confesso, Nikolas Cruz, utilizou um fuzil semiautomático AR-15, comprado legalmente ano passado, logo após o jovem completar 18 anos.

O xerife do condado de Broward, Scott Israel, que lidera as investigações sobre o ataque no colégio, recebeu bem os planos do governador, classificando-os como um “primeiro passo forte para nos dar a capacidade proativa para manter a Flórida mais segura”.

Por outro lado, críticos consideraram as medidas anunciadas tímidas em relação às reais necessidades do estado.

Ele está fazendo o mínimo  disse o senador democrata pela Flórida, Bill Nelson.

 

Para Julie Kessel, presidente da Liga das Mulheres Eleitoras da Flórida, as propostas de Scott são “muito pequenas”. Independentemente das críticas, as medidas anunciadas são um revés para a NRA. E além de ver um antigo aliado sendo forçado a criar regras restritivas, a organização está perdendo o apoio corporativo de companhias em parcerias, investimentos e outros acordos.

Desde o massacre de Parkland, petições circulam na internet mirando companhias que oferecem descontos a membros da NRA. O movimento #BoycottNRA circula nas redes sociais e algumas empresas já anunciaram o encerramento de parcerias. Na sexta-feira, a companhia de seguros MetLife descontinuou o programa de descontos. As empresa de locação de veículos Hertz e Enterprise seguiram o mesmo caminho, assim como a Symantec, que produz o antivírus Norton.

O First National Bank of Omaha, um dos maiores bancos privados dos EUA, anunciou que não irá renovar o cartão de crédito que oferece em parceria com a NRA. Outras empresas, como as redes de hotéis Wyndham e Best Western, deixaram claro que não são mais afiliadas à NRA, mas sem informar quando a parceria foi encerrada.

A firma de investimentos Blackrock, que gerencia US$ 6 trilhões, é uma das maiores acionistas de fabricantes de armas como a Sturm Ruger, a American Outdoor Brands e a Vista Outdoor. Na sexta-feira, o porta-voz da Blackrock, Ed Sweeney, informou que a firma se reunirá com “fabricantes e distribuidores de armas para compreender suas respostas aos eventos recentes”.

Para Bob Spitzer, cientista político da Universidade Estadual de Nova York especialista em políticas de armas, a reação do setor corporativo a este massacre difere de episódios anteriores, como o massacre de Sandy Hook em 2012, com 26 mortos, ou o ataque em Las Vegas, que matou 58 pessoas. Agora, disse Spitzer à Associated Press, os estudantes sobreviventes se mobilizaram. Contudo, não é possível prever o impacto desse movimento.

Se outras empresas continuarem a cortar laços, pode ter um efeito de relações públicas adverso  comentou. Normalmente, o que acontece é que a tempestade passa, e a NRA confia nisso.

O advogado Larry Hutcher, especializado em Direito comercial, avalia que as companhias estão reagindo à percepção da opinião pública que está mudando em favor da regulação. Pesquisas indicam o apoio crescente a medidas de controles de armas. Na terça-feira, um levantamento da Universidade Quinnipiac indicou que 97% dos americanos apoiam regras que exigem a checagem de antecedentes dos compradores de armas.

Está baseado no fato de que essas companhias e seus escritórios de marketing estão lendo o que está acontecendo. Faz sentido econômico estar ao lado da maioria dos americanos  comentou Hutcher.

A NRA é muito além de uma simples organização pela defesa dos americanos de portarem e comercializarem armas. Com cerca de 5 milhões de associados pagantes, é um conglomerado econômico com revistas, lojas e até um canal de TV on-line. A campanha de Donald Trump na última eleição recebeu mais de US$ 30 milhões da NRA.

Em discurso na Conservative Political Action Conference nesta semana, o vice-presidente da NRA, Wayne LaPierre, afirmou que os defensores de regras mais restritas para o controle de arma estão explorando a tragédia na Flórida. Trump se alinhou ao discurso da NRA, sugerindo que alguns professores deveriam ser armados para proteger as escolas. Porém, o presidente também defendeu o aumento da idade mínima para a compra de fuzis semiautomáticos, medida a qual a associação se opõe.

Fonte: Jornal O Globo

 

 

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