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Destino turístico, Angra dos Reis pede socorro ao governo federal por causa da violência

Muitos estão desistindo dos negócios porque não conseguem pagar ao traficante.

Os tiroteios entre facções criminosas e a ação de bandidos têm manchado a imagem de um dos principais destinos turísticos do Rio, a cidade de Angra dos Reis, na Costa Verde. No último dia 15, após um fim de semana de intensos confrontos e operações policiais no bairro do Frade, sete corpos foram abandonados em um caminhão às margens da Rodovia Rio-Santos. Uma semana antes, a estrada havia fechada mais uma vez por causa de um tiroteio. A insegurança levou a prefeitura do balneário a apelar a uma ajuda vinda da União. Um documento pede ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que Angra seja incluída no programa de cidade-piloto do Pacote Anticrime do governo federal, que já escolheu cinco cidades com altos índices de violência.

O projeto federal tem o objetivo de reduzir os índices de criminalidade com iniciativas nas áreas de Educação, Saúde, Habitação, Emprego, Cultura e Esporte, além de implantar programas sociais. Já foram escolhidas as cidades de Ananindeua (PA), Goiânia (GO), Paulista (PE), Cariacica (ES) e São José dos Pinhais (PR). Procurado, o ministério informou que ainda não recebeu o ofício de Angra.

O Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta aumento de letalidade no município. Em 2014, foram registrados 75 vítimas de homicídios dolosos e, em 2018, foram 132 casos. De acordo com a Polícia Civil, 80% dos assassinatos na cidade estão ligados ao tráfico segundo a Polícia Civil.

A violência na cidade da Costa Verde já impacta o turismo, um dos principais ativos do balneário, e a economia. Empresários do ramo, ouvidos pelo GLOBO, estimam uma redução de 30% no número de turistas na região nas festas de fim de ano. Nos últimos meses, segundo a Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), 197 estabelecimentos fecharam as portas no município.

Reservas canceladas


A situação é tão grave que compromete até a assiduidade de quem trabalha na região. O Sindicato do Comércio Varejista de Angra calcula que 60% das empresas registraram, este ano, faltas em seu quadro de pessoal devido a tiroteios.

Em novembro, vivemos um pesadelo no Centro. Os bandidos chegaram de madrugada e tentaram arrombar a agência do Banco do Brasil. Eles queimaram carros, atiraram na polícia e fugiram num barco que os esperava no cais. Foram momentos de terror lembra a atendente de caixa Eliane Alves Medeiros, de 32 anos, que trabalha e mora no bairro.

Apesar de não contar com segurança, os comerciantes estão sendo pressionados a pagar um “pedágio” ao tráfico que, dependendo do tamanho da loja, pode chegar a R$ 2 mil por mês. Há casos, sobretudo, no Frade, em Areal e em Sapinhatuba I, II e III.

Muitos estão desistindo dos negócios porque não conseguem pagar ao traficante. Não é só no Frade ou no Belém, onde a situação está critica. O Centro também está tomado pelo tráfico de drogas. Há dias em que, às 13h, temos que fechar por causa de tiroteio afirma o dono de uma loja de roupas, a poucos metros de uma unidade da PM.

Também já há casos de reservas em hotéis e pousadas que chegam a 140 em Angra canceladas. Proprietário de um estabelecimento que fica no Centro, o empresário Herval Miguel, de 62 anos, percebeu uma mudança no comportamento do turista, que está assustado:

 O turista que vem de carro, por exemplo, prefere chegar no sábado de manhã e sair na segunda, também de manhã. É que ele precisa passar por comunidades ao longo da Rio-Santos. Ele tem medo de passar pela estrada à noite.

Resorts e hotéis cinco estrelas reforçam suas equipes de vigilância. É o que vão fazer o Fasano e o Vila Galé. Por nota, o Fasano informa que não houve queda nas reservas para o fim de ano, que já chegam a 100% de seus quartos. Mas está dobrando o efetivo de vigias para garantir “a segurança e o bem-estar dos hóspedes e funcionários”. Procurado, o Vila Galé não comentou o assunto.

Sem ‘caveirão’

Para tentar pôr um freio na escalada de criminalidade, o governador Wilson Witzel estará hoje em Angra para o anúncio da instalação de três Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que deverão ficar em Garatucaia, Serra D’Água e Mambucaba, com o objetivo de formar um cinturão de segurança para quem chega à região e sai de lá. O encontro com o prefeito de Angra, Fernando Jordão, está marcado para as 15h, no Centro de Estudos Ambientais.

O superintende de Segurança Pública do município, José Carlos Ribeiro, contou que, no ano passado, Angra assinou um convênio em que doou R$ 1,3 milhão para a Polícia Militar, que, com o dinheiro, comprou 20 viaturas para reforçar o patrulhamento. Ele também disse que a prefeitura paga para ter mais 46 PMs nas ruas. Atualmente, o 33º BPM (Angra) tem menos de 200 homens. Só agora a unidade passará a contar com um veículo blindado.

Estamos analisando a viabilidade de adquirimos os barcos e as motos, que vão ajudar muito no combate ao crime. Além disso, temos 52 câmeras de monitoramento que, no futuro, teremos 130  adianta Ribeiro, que falou sobre o pedido feito a Moro para integrar o programa da União.  Sabemos que esse pacote foi planejado para cidades com mais de 500 mil habitantes. No entanto, esperamos que o governo federal aceite que participemos do piloto. Isso será muito importante para a cidade.

De 2017 a 2019, as informações de crimes em Angra passadas ao Disque-Denúncia quadruplicaram. Das 1.155 recebidas este ano, mais da metade (585) foi sobre o tráfico de drogas e a localização de foragidos. Em parceria com a prefeitura, a ONG Disque-Denúncia criou, há dois anos, um telefone específico (0300-253-1177) para Angra.

Em nota, a Polícia Militar disse que o 33º BPM tem trabalhado de forma articulada com a prefeitura da cidade e alega que as guerras entre facções são decorrentes do “processo de ocupação desordenada do solo”. A assessoria afirmou que novas inciativas estão sendo adotadas para garantir a paz durante o réveillon.

Fonte: Jornal Extra

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