Corrupção, impunidade e insegurança ‘são reais ameaças à democracia’, diz o comandante do Exército

General falou ainda que caberia à população “definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional”.

Em uma mensagem em comemoração ao dia do Exército, celebrado nesta quinta-feira, o comandante da instituição, general Eduardo Villas Bôas, disse que o Exército não pode ficar indiferente “às reais ameaças à nossa democracia”. Ele citou a corrupção, a impunidade e a insegurança na mensagem lida ao lado do presidente Michel Temer. Villas Bôas convocou a unidade “para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade”. A cerimônia em comemoração ao aconteceu no Quartel General, em Brasília.

Não podemos ficar indiferentes aos mais de 60 mil homicídios por ano; à banalização da corrupção; à impunidade; à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado; e à ideologização dos problemas nacionais. São essas às reais ameaças à nossa democracia e contra as quais precisamos nos unir efetivamente, para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade  disse a mensagem, lida pelo cerimonial do evento e assinada pelo general Villas Bôas.

Faltando pouco menos de seis meses para as eleições, o general falou ainda que caberia à população “definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional”:

O momento requer equilíbrio, conciliação, respeito, ponderação e muito trabalho. Nas eleições que se aproximam, caberá à população definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional. Definido o resultado da disputa, unamo-nos como Nação. Será esse o caminho para agregar valores, engrandecer a cidadania e comprometer os governantes com as aspirações legítimas de seu povo. O Exército acredita nesse postulado  concluiu a mensagem.

POLÊMICA

No início do mês, o general Villas Bôas protagonizou uma polêmica envolvendo uma publicação no Twitter às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. No texto, o militar afirmava que o Exército “julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”.

Na época, o ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, afirmou a reportagem  que as publicações do comandante do Exército foram no sentido contrário ao uso da força e que a população “pode ficar tranquila” em relação ao teor do que foi dito.

Durante o julgamento de Lula no Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello abriu seu voto pregando respeito aos princípios democrático e fazendo, sem citar nomes, às declarações feitas ontem pelo comandante do Exército. Em seguida, senadores, historiadores, organizações internacionais e outras entidades se manifestaram contrários a declaração do general Villas Bôas.

Fonte: Jornal O Globo

 

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