Somente em março, 755 policiais militares entraram de licença médica por estarem com suspeita de contaminação pelo coronavírus.
Dados obtidos junto à PM do Rio via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, somente em março, 755 policiais militares entraram de licença médica por estarem com suspeita de contaminação pelo coronavírus. O número equivale ao efetivo de um batalhão de grande porte, como o 7º BPM (São Gonçalo). Desse total, 165 voltaram ao trabalho no mesmo mês, após o período de licença. Outros 53 agentes foram afastados do serviço por integrarem grupos de risco.
Para que o Ministério da Justiça elaborasse o documento intitulado “Plano Estratégico de Atuação Integrada: impactos da Covid-19 na segurança pública” foi pedido que cada estado analisasse os riscos de 21 tipos diferentes de ocorrências numa escala que vai de “baixo” até “muito alto”. A única ocorrência marcada com o risco “alto” pelas autoridades do Rio foi a contaminação e afastamento de servidores da segurança pública.
O risco médio foi usado, por exemplo, para roubos de cargas e a instituições financeiras, bloqueios de vias públicas e rodovias estaduais, manifestações violentas e paralisação de caminhoneiros. Por fim, as polícias fluminenses consideram baixo o risco de fugas de presídios, rebeliões nas cadeias e aumento abusivo de preços.
Saúde de PMs virou processo
A preocupação com a contaminação de policiais militares levou o Ministério Público do Rio a entrar na Justiça, na semana passada, para obrigar a PM a fornecer máscaras e álcool gel aos agentes. A Promotoria também solicitou que todos os integrantes da PM sejam obrigatoriamente testados para o coronavírus.
A ação tem como base informações prestadas pela própria corporação ao MP sobre medidas tomadas para combater o coronavírus. Sem máscaras para distribuir entre os agentes, o comando da PM admitiu que orientou, como “medida paliativa”, que cada batalhão providencie a aquisição de máscaras e álcool gel em “comércios locais”. Na semana passada, a PM anunciou a compra de 60 mil máscaras. O primeiro lote, com 5 mil unidades, foi entregue em 31 de março.
Para evitar que agentes com sintomas tenham contato com colegas, a PM estabeleceu um protocolo de afastamento por sete dias, prorrogáveis ao final do período, de todos os PMs que apresentarem atestado médico descrevendo sintomas da Covid-19.
Mais detalhes do relatório
Além do Rio, outros dois estados consideram alto o risco de contaminação e afastamento de servidores da segurança pública: Paraíba e Pará. Em outros 11 estados, o risco foi considerado médio entre eles, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
O Ministério da Justiça também elaborou uma tabela para avaliar riscos nacionais, levando em conta os dados de todos os estados. Cinco ocorrências foram avaliadas como de risco médio: rebeliões em unidades prisional, servidores da segurança pública contaminados e afastados do serviço, aumento abusivo de preços, desabastecimento de medicamentos e colapso no sistema de saúde pública. As demais foram consideradas de baixo risco.
O estado que avaliou mais ocorrências como de alto risco foi o Pará: além do afastamento de policiais, bloqueios em rodovias federais, estaduais e vias públicas e o colapso no sistema de saúde.