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Brasil ignorou várias propostas da Pfizer para fornecer até 1,5 milhão de doses em 2020

Farmacêutica fez seis propostas antes de conseguir fechar acordo.

O ex-presidente da Pfizer do Brasil e atual presidente da América Latina Carlos Murillo, disse em depoimento à CPI da Pandemia que o governo federal ignorou três propostas para o fornecimento de vacinas. Duas dessas propostas prometiam o fornecimento de 1,5 milhão de doses ao país ainda em 2020.

A farmacêutica fez seis propostas de venda ao Brasil, mas apenas na sétima o governo fechou o primeiro contrato, em 8 de março de 2021.

O executivo afirmou que as conversas começaram em maio de 2020 e depois de uma reunião em 6 de agosto, quando o ex-secretário do Ministério da Saúde, Élcio Franco, demonstrou interesse para a compra, a empresa fez a primeira proposta oficial em 14 de agosto.

Outras duas propostas foram feitas no mês de agosto e foram ignoradas. Em 12 de setembro de 2020, o presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, enviou uma carta ao governo pedindo celeridade na decisão devido à alta demanda pelo imunizante.

A correspondência foi endereçada ao presidente da República Jair Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o ministro da Economia Paulo Guedes, o então ministro da Casa Civil Walter Braga Netto e o embaixador do Brasil nos EUA Nestor Forster Jr.

Laboratórios é quem devem correr atrás do Brasil.

Sem mencionar as repetidas tentativas de contato da Pfizer, em 28 de dezembro de 2020 o presidente Bolsonaro disse a apoiadores que os “laboratórios é quem deveriam correr atrás do Brasil.”

O governo brasileiro alegou problemas logísticos e contratuais para a demora do fechamento do contrato. Carlos Murillo informou que o contrato fechado em 8 de março de 2021 tem as mesmas condições das primeiras propostas feitas pela empresa.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criou um projeto para facilitar a compra de vacinas e permitir que as cláusulas contratuais fossem aceitas. O projeto foi aprovado em 2 de março, mas só seria sancionado por Bolsonaro em 10 de março de 2021, dois dias depois de fechado o acordo com a Pfizer.

Vale lembrar que o imunizante da empresa americana foi aprovada de forma definitiva pela Anvisa em 23 de fevereiro de 2021. Sem acerto com o governo, a Pfizer não apresentou pedido de aprovação emergencial à agência.

O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar o uso emergencial da vacina da Pfizer, em 2 de dezembro de 2020, e vacinou a primeira pessoa do mundo em 8 de dezembro.


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