Com mais de 14 mil hectares (quase 20 mil campos de futebol), a reserva ambiental abrange, além de Guapimirim, partes de Magé, também na Baixada, Itaboraí e São Gonçalo, no Leste Fluminense.
A cidade de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio, guarda um tesouro: uma área de proteção ambiental que é o último recanto intocado de litoral da Baía de Guanabara. Trata-se da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, composta por rios sinuosos que revelam, a cada curva, paisagens exuberantes, da vegetação de mangue à chegada ao mar, onde é possível encontrar facilmente botos nadando.
Além dos últimos 35 mamíferos marinhos da espécie, a APA abriga 245 tipos de aves, entre permanentes e migratórias. Uma das mais icônicas do lugar é o colhereiro rosa, que tem esse nome por conta do formato do bico, alargado na extremidade, parecendo uma colher.
— É uma ave bonita, mas representa muito mais que isso. É um bioindicador de preservação. Por ser muito frágil, é uma das primeiras espécies que somem com a chegada da degradação — explica Klinton Senra, chefe da reserva: — Também é assim com os botos. E se este reduto de vida ainda existe é por causa da APA. Todo o restante do litoral foi perdido.
Com mais de 14 mil hectares (quase 20 mil campos de futebol), a reserva ambiental abrange, além de Guapimirim, partes de Magé, também na Baixada, Itaboraí e São Gonçalo, no Leste Fluminense. Desde a criação da APA, em 1984, a devastação foi freada e a condição ecológica melhorou. Mas algumas marcas do passado ainda restam, como explica Klinton:
— Os rios trazem lixo, que é recolhido. Mas temos pontos de ocupação urbana que já existiam, como os bairros de Piedade, em Magé, e Palmeiras, em São Gonçalo.
Além dos problemas citados, a região sofre com outro fenômeno, oriundo da presença de fazendas na região: quando os rios enchem e inundam os pastos, o capim apodrece e muda a acidez da água, o que provoca a morte de muitos peixes, principalmente dos bagres.
Tudo ao alcance de visitantes
Cerca de um terço da APA é mar da Guanabara. É o trecho de águas mais limpas, que recebem a doce contribuição dos últimos grandes rios em boas condições da região: Guapimirim, Guaraí e Macacu. É onde também está o manguezal mais bem conservado da Baía.
Os últimos botos e os cavalos marinhos são encontrados lá. Nos rios, vivem o jacaré-de-papo-amarelo e cobras. Sobre eles, voando no céu, a também em extinção marreca-caneleira.
Tudo isso está ao alcance de qualquer um, e há empresas que fazem visitações, como a Cooperativa Manguezal Fluminense (98332-7734 e 98647-0281) e a Pantanal Carioca Turismo (99578-0016 e 98836-9841). Os passeios custam a partir de R$ 400 para dez pessoas (R$ 40 para cada) ou R$ 200 para quatro.
A natureza se espalha pela Baixada
As belezas naturais da Baixada não se resumem somente aos mangues e ao mar da APA de Guapimirim. Outros tipos de vegetação e relevo constituem paisagens de cachoeira, em Nova Iguaçu e Duque de Caxias.
— No Parque Natural de Nova Iguaçu, há quatro cachoeiras e oito poços para banhos. Todos ligados por uma trilha — enumera o secretário de Meio Ambiente da cidade, Giovani Guidone.
Já em Caxias, é possível fazer trilhas e tomar banho em cachoeiras no Parque Natural da Taquara, perto de Imbariê.
Em Duque de Caxias, são quase 20 hectares de Mata Atlântica preservada. A cachoeira mais famosa é a Véu de Noiva, pelo volume e pela clareza das águas. A entrada do parque fica na Estrada Cachoeira das Dores s/nº , no bairro Taquara. Entrada gratuita.
No Parque Municipal de Nova Iguaçu, a estrela é o Rio Dona Eugênia, que alimenta todas as cachoeiras e poços. A visitação deve ser feita de carro, já que é preciso encarar uma estrada de terra de 4km a partir da entrada do lugar, no fim da Avenida Brasil de Mesquita. De terça-feira a domingo, com entrada gratuita.