Em 2016, Paes deixou a prefeitura com um fracasso eleitoral.
Eduardo Paes troca de partido como Neymar muda de penteado. Começou no PV, migrou para o PFL, pulou para o PTB, voltou ao PFL, saiu para o PSDB e se bandeou para o PMDB. Quando a cúpula da sigla foi para Bangu, o ex-prefeito tomou um avião para Nova York. Agora está de volta ao Rio. Depois de negociar com PDT e PSB, será candidato a governador pelo DEM.
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“Recebi o convite para disputar a eleição e resolvi disputar”, anunciou ontem, como se contasse uma novidade. Ele começou a organizar a campanha no ano passado, e já atraiu ao menos sete partidos para a sua coligação.
Em 2016, Paes deixou a prefeitura com um fracasso eleitoral. Depois de oito anos e uma Olimpíada, não conseguiu levar seu candidato ao segundo turno. Ao se despedir, disse que seria professor na Universidade Columbia. Nunca deu uma aula, e ressurgiu como executivo de uma montadora de carros elétricos.
Ontem ele contou que pediu demissão para ser candidato. Ao justificar a mudança, disse que o estado sofre de “falta de comando” e vive uma “situação terminal”. Pode ser, mas faltou reconhecer a sua responsabilidade no cartório.
Nos dois mandatos como prefeito, Paes foi unha e carne com Sérgio Cabral. Também manteve relações próximas com Jorge Picciani e Eduardo Cunha. O ex-deputado chegou a lançá-lo para voos mais altos. “Meu candidato a presidente é o Eduardo Paes”, repetia, antes de ser preso pela Lava-Jato.
O ex-prefeito nunca recebeu a visita da polícia, mas já foi chamuscado pelas investigações. Seu marqueteiro o acusou de montar um esquema de caixa dois com empreiteiras e empresas de ônibus. Seu secretário de Obras foi preso, acusado de levar propina na Transcarioca.
Paes deixou o MDB, mas o governador Luiz Fernando Pezão já disse que o partido “não tem como” não apoiá-lo em outubro. Mesmo que se esforce, o ex-prefeito não conseguirá fugir do fantasma do ex-padrinho político. Há farto material na internet para refrescar a memória do eleitor.
“Dedico esta vitória ao político que mudou a maneira de fazer política neste estado. O grande responsável por esta vitória é o governador Sérgio Cabral”, disse o ex-prefeito, emocionado, na noite em que se elegeu pela primeira vez.
Fonte: Jornal O Globo