Um agente foi ferido na ação.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) faz, na manhã desta quarta-feira, uma megaoperação para encontrar um cemitério clandestino usado pela maior facção criminosa do Estado do Rio e que estaria localizado em Itaoca, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. De acordo com as investigações, existem pelo menos 42 covas no local, que seria utilizado para enterrar inimigos e moradores que se opõem a traficantes da região e de todo o Complexo do Salgueiro. Um agente foi ferido na ação.
A ordem para a criação do cemitério clandestino teria partido do traficante Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, chefe do tráfico de drogas do Complexo do Salgueiro, que está foragido da Justiça.
Utilizando técnicas da milícia que mata e oculta os cadáveres das vítimas traficantes da região decidiram que não deixariam rastros de seus homicídios. A Polícia Civil descobriu a prática criminosa há pouco mais de um mês, durante um desdobramento da investigação de um homicídio pela DHNSGI.
Na manhã desta quarta, cerca de 200 policiais entre eles agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil – com a ajuda de cães farejadores e de militares do Corpo de Bombeiros participam da operação que visa a encontrar possíveis corpos e ossadas. Por ser uma região tomada por criminosos, a Polícia Civil utiliza três blindados. Uma retroescavadeira também está sendo usada.

Os policiais investigavam a queda do número de homicídios nos últimos anos em Itaoca, causada pela subnotificação desses crimes. Muitos casos estavam entrando nos registros da Polícia Civil como desaparecimentos. Segundo a Polícia, traficante Rabicó, mesmo quando estava preso numa penitenciária federal, mandava que seus subordinados desaparecessem com os corpos das vítimas, o que vem ocorrendo há pelo menos três anos.
Segundo a Polícia Civil, a ordem dos assassinatos e o sumiço dos corpos vinham de Ricardo Severo, o Faustão; Rayane Nazareth Cardozo da Silveira, a Hello Kitty; Alessandro Luiz Vieira Moura, o Vinte Anos; e John Lennon Correa, o John John ou Skeik. Todos esses criminosos têm mandados de prisão em aberto e estão foragidos da Justiça.
Por medo de outros parentes serem assassinados, de acordo com a DH, as famílias das pessoas mortas nunca registram os crimes.
Rabicó está foragido
Rabicó teve a prisão preventiva decretada em janeiro de 2015 por um juiz criminal. Em agosto de 2016, Marco Aurélio mandou libertá-lo, mas depois voltou a ser preso. Em abril de 2019, a a Sétima Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), que compõe a segunda instância, confirmou a condenação já imposta na primeira instância, embora tenha reduzido a punição. Determinou também que a execução da pena deveria ocorrer depois do trânsito em julgado, ou seja, quando não fosse mais possível apresentar recurso. Mas não se pronunciou sobre a manutenção da prisão preventiva, decretada na primeira instância em razão do risco de voltar a cometer crimes e de integrar uma facção criminosa, e para garantir a ordem pública.
Antes de ir ao STF, a defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas sem sucesso. No STF, conseguiu a liberdade graças a uma decisão liminar de Marco Aurélio, que a levou agora para análise da Primeira Turma. Mas os outros quatro ministros — Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux — entenderam que a prisão de Rabicó é necessária para a garantia da segurança pública.
Antes de ser solto, ele estava na penitenciária federal de Campo Grande (MS). O traficante possui condenação em três processos criminais por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Em nenhuma delas, no entanto, a sentença é considerada definitiva. A defesa de Rabicó ainda está recorrendo na Justiça para tentar diminuir as penas ou absolver o traficante.
Em dois dos processos respondidos por Rabicó, a Justiça já havia autorizado que o chefe do tráfico no Salgueiro esperasse o julgamento dos recursos em liberdade. Ele ainda era mantido preso em um último processo, em andamento na 40ª Vara Criminal do Rio, e no qual o criminoso foi condenado a 10 anos de prisão. Foi nessa ação que o ministro Marco Aurélio deu decisão favorável a Rabicó.
O ministro argumentou que era grande a possibilidade de o STF mudar seu entendimento sobre a execução provisória da pena, como acabou ocorrendo no dia 7 de novembro. Nessa data, a Corte determinou que a prisão só pode ocorrer após o trânsito em julgado, e não mais após decisão em segunda instância.
Rabicó ainda responde em liberdade a outros dois processos nos quais ainda não foi condenado. Ele também foi absolvido em outras ações. Ao ser preso, em 2008, o traficante era considerado foragido por ter descumprido as regras da liberdade condicional que havia conseguido no ano anterior.
A liberdade do criminoso colocou em alerta as autoridades de Segurança Pública do Rio. Em abril deste ano, traficantes entraram em guerra em São Gonçalo após Thomar Jayson Vieira Gomes, o 3N, que comandava o tráfico no Complexo do Salgueiro para Rabicó ter desafiado o chefe. Rabicó determinou que outro comparsa, Antonácio do Rosário, O Schumaker, de 35 anos, executasse 3N para tomar o controle do Salgueiro.
Ao saber dos planos do chefe, 3N se antecipou, matou Schumaker e passou a fazerparte de outra facção criminosa. O receio era de que, em liberdade, Rabicó quisesse se vingar do antigo comparsa. Na nova quadrilha, 3N vem tentando, com frequência, dominar o Salgueiro.
Fonte: Jornal Extra
Rede TV Mais A Notícia da sua cidade!
