Inclusive, um deles pede que eles façam “uma transmissão ao vivo” da morte do funkeiro.
Uma troca de mensagens de áudio através de um aplicativo mostra a trama que antecedeu o assassinato de Paulo Cesar da Silva, o MC G3, encontrado com marcas de tiro em sua casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nas conversas, eles combinam o crime e o roubo de objetos do funkeiro, como cordão de ouro e até um videogame. Três menores de 15, 15 e 17 anos foram apreendidos e Luiz Fernando Paiva Santos, de 18 anos, preso, horas após o crime através do celular que continha o plano de morte, abandonado dentro de um táxi em que o motorista foi rendido em São Conrado, na Zona Sul, e obrigado a dar fuga. A motivação da morte ainda é desconhecida.
PUBLICIDADE
A maioria das mensagens divulgadas pela polícia mostra um dos interlocutores orientando os criminosos que foram até a casa de G3. Inclusive, pede que eles façam “uma transmissão ao vivo” da morte do funkeiro. “Vai na paz. Quando vocês chegar lá, quando já estiver com ele enquadrado, vocês faz uma transmissão ao vivo para eu ver qual foi (sic)”, diz.
O comparsa pede discrição aos criminosos e reforça a subtração dos pertences da vítima. “(Vamos) fazer o bagulho no talento, filho. Mano, passa o cara, pega tudo e sai saindo (…) Vocês fazem o bagulho rápido. Se pá, não pega vários bagulhos, não. Só pega “os ouro” e dinheiro, entra no carro e vem (sic)”, orienta. “Traz o videogame”, reitera. Após pedir para “estalar” (matar a tiro) o cantor, ele recebe a resposta de um dos envolvidos no crime. “Coé, menor, já pegamos ele, dei um tirão nele aqui”, avisa.
O taxista alvo dos criminosos entregou o aparelho celular esquecido no veículo dele para policiais do 19°BPM, de Copacabana, que, após buscas, conseguiram encontrar os envolvidos em uma casa perto do morro do Dendê, e os conduziram a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que investiga o crime.
Os assassinos levaram da casa de G3 o seu cordão de ouro, videogame, tênis, a chave do carro, um Fox, celular, dinheiro e documentos. Tudo foi recuperado após a apreensão dos menores e a prisão do maior de idade em flagrante na casa da Ilha do Governador. De acordo com a DHBF, os quatro moram no Morro do Dendê.
Funkeiro já cantou ‘proibidão’ para facção criminosa
Na época em que ganhou destaque pelos proibidões, MC G3 morava na Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte, comunidade dominada pelo Comando Vermelho (CV). Com a invasão do Terceiro Comando Puro (TCP) e a tomada da região, em 2016, MC G3 deixou a comunidade.
Na web, fãs e amigos do cantor lamentaram. “Relíquia do funk, descanse em paz”, disse um internauta. “Funk carioca de luto… Fica com Deus, MC G3”, disse outro.
Ele se tornou popular depois que o refrão do funk O General Chegou foi usado pela torcida do Flamengo para homenagear o centroavante peruano Guerrero. A versão do hit era Acabou o caô, o Guerrero chegou e viralizou.
‘Está doendo muito. Tiraram um pedaço de mim’, diz mãe de funkeiro
A mãe de Paulo Cesar da Silva, conhecido como MC G3, morto dentro de casa por criminosos na quarta-feira, esteve junto com outros familiares no Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta quinta-feira. Foi ela que encontrou o corpo do filho, após várias tentativas de falar com ele e não conseguir.
Quando chegou da igreja, muito preocupada com a falta de notícias do filho, decidiu pegar um mototáxi e foi à casa dele, onde ele morava há pouco mais de um ano sozinho. “Quando eu cheguei lá, o portão da escada estava aberto. A casa estava toda apagada e a porta aberta. Quando eu acendi a luz, me deparei com o meu filho deitado de costas na porta do quarto, a sala cheia de sangue, aquele rastro. Eu gritei e os vizinhos vieram me socorrer, porque eu pensei que meu filho estava com vida”, detalhou.
Segundo um primo do funkeiro, que não quis se identificar, disse que vizinhos escutaram alguém pedindo “socorro” ainda na madrugada de quarta-feira, mas acharam que seria um morador de rua que costuma gritar na rua. Ele acredita que algum conhecido pode ter ajudar no crime, já que não houve arrombamento.
Fonte: Jornal O Dia