Candidato único, Geraldo Pudim foi escolhido de forma unânime. Gilberto Palmares (PT) será o vice.
O deputado Geraldo Pudim, do PMDB, foi escolhido de forma unânime para ser o relator da CPI dos Ônibus da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele foi o único candidato. Já Gilberto Palmares, do PT, foi escolhido como vice presidente.
Ao pedir a palavra pouco depois da escolha, Pudim disse que o objeto da CPI era coletar irregularidades administrativas, mas que os crimes caberiam ao Ministério Público Federal. Recém-empossado, o vice Gilberto Palmares discordou. “O texto da CPI é muito claro ao dizer que investiga irregularidades. Crimes são irregularidades. Se for o caso, temos que investigar sim”, garantiu.
Em novembro, a CPI ganhou força política com a prisão do então presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), e de seu antecessor Paulo Melo (PMDB), além do também deputado Edson Albertassi (PMDB). Eles são suspeitos de receber R$ 131 milhões da Fetranspor, ligada aos empresários de ônibus.
Logo após a prisão do trio, a própria Alerj votou pela revogação dos parlamentares por entender que caberia ao Parlamento acatar ou não a decisão judicial, o que acabou sendo derrubado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Dos sete integrantes da CPI, quatro votaram pela revogação das prisões: Gustavo Tutuca e Geraldo Pudim (PMDB), Milton Rangel (DEM) e Nivaldo Mulim (PR). Os outros três foram a favor da manutenção das prisões: Eliomar Coelho (PSOL), Martha Rocha (PDT) e Gilberto Palmares (PT).
CPI começa com atraso de mais de 70 dias
A comissão foi proposta em agosto, em meio à Operação Ponto Final. O desdobramento da Lava Jato encontrou irregularidades no sistema de bilhetagem dos ônibus. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), R$ 260 milhões foram pagos em propina a agentes públicos.
Dentre os presos estavam os empresários Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor, Jacob Barata Filho, e Rogério Onofre, ex-presidente do Detro. O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) seria um dos principais beneficiários.
Diante do escândalo, os deputados assinaram um documento que pedia a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito. No mesmo dia, seis assinaturas foram retiradas com corretor líquido e o carro foi parar na Justiça.
O TJ entendeu que, de acordo com determinação do regimento interno da Alerj, as assinaturas não poderiam ser retiradas e que a CPI deveria ser instalada em 48 horas. A decisão foi publicada no dia 4 de dezembro, mas obedecida somente agora, mais de dois meses depois.
A Alerj argumentou, à época, que não havia tempo hábil para a instalação porque dependia da indicação dos partidos políticos. Cada um deles tem o direito de sugerir ao menos um membro efetivo.
Ainda segundo a Alerj, a escolha foi feita obedecendo o tamanho de cada partido na Casa. Ou seja, os maiores como o PMDB teriam direito a mais vagas. O PSOL, autor do pedido da CPI, questionou as escolhas mas preferiu dar início aos trabalhos para não acabar num novo imbróglio judicial.
Fonte: G1