A próxima campanha no batalhão é pelos 500’.
Nesta quinta-feira, o 35º BPM (Itaboraí) prendeu a 300ª pessoa, numa conta que começou no dia 10 de novembro, quando o tenente-coronel Marcelo Carmo assumiu a unidade, na Região Metropolitana do Rio. Uma média de mais de três detenções por dia. E esse 300 é mais que um número: era a meta da unidade para ser alcançada até o carnaval. O número não é por acaso, e a eficiência do batalhão também não.
— É um filme sobre guerreiros e vitórias. O 300 foi escolhido por isso, e foi uma forma de motivar a equipe num tempo de tanta incerteza política e econômica — explica Carmo, que frisa que a tarefa não foi tão difícil: — A equipe é aguerrida. Das melhores que já trabalhei nos meus 24 anos de PM.
Os números mostram o resultado. A meta de janeiro era reduzir o número de roubo de rua a 152, mas foram registrados apenas 86. Outro indicador importante de criminalidade, o número de carros roubados, apesar de estar em queda, ainda fica acima da meta prevista.
Pelas ruas do Jardim Shangri-lá, no distrito de Manilha, área com alto índice de assaltos, os moradores garantem que estão, sim, mais seguros.
— A minha rua tinha média de três assaltos por semana. Faz um mês que não tem um. Tem mais policiais por aqui, principalmente nas horas de mais movimento — diz Alexandre Teixeira, de 46 anos, auxiliar administrativo.
Alexandre mesmo sofreu dois assaltos, no ano passado, em ônibus no seu bairro.
‘A próxima campanha no batalhão é pelos 500’
Por que criar uma espécie de campanha para motivar os policiais militares?
A crise econômica e política é grave. Quem tem uma equipe grande de funcionários estaduais para comandar precisa ganhá-los de alguma forma, criar ferramentas de motivação, usar endomarketing. O filme 300 nos inspirou para tirar 300 marginais das ruas. A cidade não tem uma característica de muitas prisões. Então, quando o número subiu muito, chamou a atenção. Isso é trabalhado com a equipe no WhatsApp, em conversas e vira uma missão coletiva. Une as pessoas.
Quais os pontos altos da empreitada?
Prendemos o 01 e o 02 da Reta, que eram Cara de Cavalo (Franklin Michael da Costa Moura, de 35 anos) e Verdão (Jonhnathan Criatian da Silva Araújo, de 24), no dia 24 de janeiro. Com eles, apreendemos o nosso segundo fuzil em dois meses, um deles avaliado em R$ 70 mil, equipado até com luneta.
O que vem depois?
A próxima campanha é pelos 500. Inspirado pelos 500 que viram Jesus ressuscitado. Que sirva também como desejo de recuperação de quem está fora da lei.
O que surte mais efeito, combater o tráfico ou os assaltos de rua?
Os dois criminosos que falei iam roubar uma carga. Está tudo junto. A crise afetou a venda de drogas. Se o cara não vende o suficiente para pagar a boca, ele assalta.
O número de roubo de carros está 20 casos acima da meta, de 44.
Estamos combatendo o crime, mas o que temos na região não é apenas roubo para bonde de bandidos. Há quadrilha agindo para desmanche. Já estamos em contato com a Polícia Civil.
Vale a pena ver de novo
Não é a primeira vez que os resultados de um batalhão da região são comparados a um filme. Em 2014, quando ainda era comandante do 7º BPM (São Gonçalo), o coronel Fernando Salema foi homenageado com uma montagem usando o cartaz do longa policial Stallone Cobra. Na época, a cidade entrava na crise de violência, com índices criminais disparando.