As empresas citaram riscos à segurança operacional após o comunicado americano.

Três companhias aéreas internacionais cancelaram, neste sábado (20), seus voos partindo da Venezuela, um dia depois de a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) emitir um alerta sobre uma “situação potencialmente perigosa” ao sobrevoar o país sul-americano.
De acordo com dados do aeroporto internacional Simón Bolívar, em Maiquetía, e de plataformas de rastreamento de voos, suspenderam suas decolagens a partir de Caracas a brasileira Gol, a colombiana Avianca e a TAP Air Portugal. As empresas citaram riscos à segurança operacional após o comunicado americano.
A FAA alertou, as principais companhias aéreas para que exerçam “máxima cautela” ao voar no espaço aéreo venezuelano, mencionando “piora da situação de segurança” e “atividade militar intensificada em ou ao redor da Venezuela”, com possíveis ameaças a aeronaves em todas as altitudes.
Quais voos foram afetados
Segundo informações divulgadas pelas companhias e autoridades aeronáuticas:
Gol Linhas Aéreas (Brasil) – suspendeu voos que decolariam de Caracas para destinos na América do Sul, citando o alerta das autoridades americanas e a necessidade de preservar a segurança de passageiros e tripulantes.
Avianca (Colômbia) – a Aeronáutica Civil da Colômbia divulgou nota mencionando “potenciais riscos” a aeronaves operando na região de Maiquetía, em razão da deterioração das condições de segurança e do aumento da atividade militar.
TAP Air Portugal – cancelou operações deste sábado e também de terça-feira, afirmando que a decisão segue informações das autoridades de aviação dos EUA indicando que “as condições de segurança no espaço aéreo venezuelano não estão garantidas”.
A espanhola Iberia informou que seus voos entre Caracas e Madri serão suspensos a partir de segunda-feira, “até novo aviso”, embora o voo programado para este sábado tenha decolado normalmente. A empresa disse que continuará monitorando a situação antes de retomar as operações.
Nem todas as companhias, porém, interromperam voos: a panamenha Copa Airlines e a colombiana Wingo mantiveram operações em Maiquetía, mesmo após o alerta da FAA, o que evidencia decisões diferentes de gerenciamento de risco entre os grupos aéreos internacionais.
O que diz o alerta da FAA
O aviso da FAA, emitido na forma de NOTAM (aviso aos aeronautas), fala em:
“Situação de segurança em deterioração” na Venezuela;
“Atividade militar intensificada” no país e em áreas adjacentes;
Riscos em todas as altitudes, afetando sobrevoos, pousos, decolagens e operações em solo.
Em documentos de apoio ao NOTAM, a agência também registra um aumento de interferências em sistemas de navegação por satélite (GNSS) na região desde setembro, com relatos de jamming e spoofing, que podem afetar instrumentos vitais de bordo e, em alguns casos, continuar impactando toda a duração do voo.
Tensão geopolítica e impacto para passageiros
O alerta americano ocorre em meio a crescentes tensões entre Estados Unidos e Venezuela, com um robusto deslocamento de meios militares norte-americanos no Caribe e acusações mútuas entre os governos dos dois países.
Na prática, quem mais sente os efeitos imediatos são os passageiros:
Voos foram cancelados de forma repentina, levando a atrasos, remarcações e necessidade de reacomodação em rotas alternativas;
Em alguns casos, as companhias passaram a redesenhar trajetos, evitando o espaço aéreo venezuelano, o que pode significar viagens mais longas e mais caras;
Autoridades de aviação recomendam que os viajantes chequem diretamente com as companhias a situação de seus voos antes de se dirigir aos aeroportos.
Especialistas em segurança de voo lembram que alertas como o da FAA, embora não sejam automaticamente vinculantes para empresas não americanas, costumam ter grande peso na tomada de decisão das companhias aéreas após episódios como o abate do voo MH17, na Ucrânia, em 2014, e o derrubamento do voo PS752 no Irã, em 2020 tragédias que reforçaram a preocupação com a exposição de aeronaves civis em zonas de tensão militar.
Enquanto a situação não se estabiliza, o espaço aéreo venezuelano volta a entrar no mapa de atenção máxima da aviação mundial, com impacto direto nas conexões entre América do Sul, Caribe, América do Norte e Europa.

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