Contas de energia puxam alta da inflação e expõem peso dos serviços públicos no orçamento das famílias brasileiras.
O preço da energia elétrica voltou a subir e se tornou o principal vilão da inflação em setembro. Segundo dados do IBGE, o IPCA — índice que mede a inflação oficial do país — teve alta de 0,48%, a maior variação para o mês em quatro anos. O avanço foi impulsionado, sobretudo, pelo aumento de 10,3% nas tarifas de energia, que refletiu o fim do chamado “Bônus de Itaipu” e a manutenção da bandeira tarifária vermelha, de custo extra mais alto.
Essa alta, que reverte a queda de 4,21% registrada em agosto, reacende o debate sobre o impacto da política tarifária e a fragilidade econômica das famílias brasileiras. Com o aumento da energia, o peso dos serviços públicos — como luz, gás e transporte — cresce em ritmo superior ao da renda, pressionando ainda mais o orçamento doméstico.
Especialistas apontam que a ausência de políticas efetivas de amortecimento tarifário tem ampliado as desigualdades. “O problema não é apenas o preço em si, mas o efeito dominó que ele gera. O custo da energia impacta desde a indústria até o pequeno comércio, e volta a pesar no prato do trabalhador”, explica o economista André Duarte, da UFRJ.
Enquanto o governo tenta conter o avanço dos preços de combustíveis e alimentos, a energia elétrica se consolida como símbolo do encarecimento da vida no país. A “luz do fim do túnel”, como ironizam alguns analistas, fica cada vez mais cara — e distante — para boa parte da população.