ENTRE ACORDOS E PROMESSAS: SUCESSÃO AO GOVERNO DO ESTADO PASSA POR CEDAE E ALIANÇAS POLÊMICAS

Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público, acompanharão de perto essas articulações.

Por: Antonio Alexandre
29/05/25

A corrida pela sucessão ao governo do estado ganhou contornos ainda mais complexos com os bastidores de um acordo político e financeiro envolvendo o grupo de Bacellar. Fontes próximas ao núcleo da articulação revelaram que o apoio prometido ao grupo não se tratou apenas de um gesto político tradicional, mas envolveu a entrega da Cedae em um esquema considerado de “porteira fechada” — termo usado para descrever uma transferência de controle total, sem interferência externa.

A movimentação teria como objetivo pavimentar o caminho para Bacellar como nome de consenso para a disputa ao Palácio Guanabara, enfraquecendo outras candidaturas e rearranjando forças dentro do grupo político que orbita o governo.

Entre os personagens centrais da trama está Domingos Gonçalves dos Santos, empresário de forte influência nos bastidores do estado e pai do atual vice-governador Thiago Pampolha. De acordo com interlocutores, Domingos passou a articular sua saída estratégica da disputa eleitoral, movimento interpretado como um sinal claro de apoio à ascensão de Bacellar.

As conversas em torno da Cedae foram decisivas nesse rearranjo. A empresa, que há anos é peça-chave nas negociações políticas do Rio de Janeiro, teria sido prometida como moeda de troca no pacote de garantias oferecido ao grupo de Bacellar. O compromisso implicaria não apenas apoio financeiro à campanha, mas também controle sobre cargos e contratos estratégicos na estatal, cuja importância vai além do abastecimento de água e esgoto: trata-se de um dos últimos grandes ativos públicos do estado.

A figura do ex-governador Sérgio Cabral também ressurge como peça de influência nos bastidores. Apontado como conselheiro de Domingos Gonçalves, Cabral estaria orientando os passos políticos do grupo, apesar de manter-se fora da linha de frente. Sua experiência e rede de contatos ainda exercem forte peso nas decisões estratégicas do tabuleiro eleitoral fluminense.

A movimentação ocorre em um momento de instabilidade política e desconfiança pública em relação a alianças construídas em torno de interesses econômicos. Especialistas alertam para o risco de que acordos como esse — muitas vezes selados longe dos holofotes — perpetuem práticas de patrimonialismo e comprometam a transparência na gestão de estatais e políticas públicas.

Até o momento, nem o grupo de Bacellar nem os envolvidos diretamente nas negociações comentaram oficialmente sobre o acordo ou as articulações relatadas. A reportagem procurou a assessoria de Thiago Pampolha, que afirmou que o vice-governador “segue focado nas pautas administrativas e no desenvolvimento do estado”.

A entrega da Cedae, se confirmada nos moldes relatados, poderá se tornar mais um capítulo controverso da política fluminense — onde o apoio eleitoral, ao que tudo indica, tem preço, controle e promessa de poder.

Resta saber se os órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público, acompanharão de perto essas articulações — ou se, mais uma vez, os interesses privados falarão mais alto que o interesse público no Rio de Janeiro.

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