BARRACAS A 6 MIL E LUGAR MARCADO: ENTENDA A MÁFIA POR TRÁS DA FEIRA DE ACARI

Relatório da Secretaria de Ordem Pública foi entregue às polícias militar e civil.

Em um dia de semana, quem caminha pela Avenida Martin Luther King, próximo à famosa Feira de Acari, localizada às margens da linha do trem na Zona Norte do Rio, não tem ideia de que a região é um reduto de práticas ilícitas que vão além da comercialização de mercadorias roubadas. Como num jogo de xadrez, cada cantinho do calçadão é minuciosamente precificado pelo tráfico que domina a localidade. Os “tabuleiros” como são chamados os quadrados desenhados com tinta no chão do calçadão de Acari — são visíveis por quem passa pela região. Para ter autorização dos criminosos, o ambulante irregular precisa desembolsar ao menos R$ 6 mil por um ponto, além de pagar de R$ 20 a R$ 30 pela montagem das barracas a cada domingo.

Todo o espaço da feira — com quase um quilômetro de extensão, beirando os muros da estação de metrô de Acari/Fazenda Botafogo, indo até Coelho Neto, bairro vizinho é controlado pelo tráfico que domina a comunidade de Fazenda Botafogo. Todo o esquema criminoso vinha sendo monitorado pela Secretaria de Ordem Pública do Rio (Seop) desde 26 de novembro, que denunciou a venda de mercadorias roubadas e extorsão de taxas às autoridades policiais. O relatório final foi entregue às polícias Civil e Militar na tarde desta segunda-feira, após o prefeito Eduardo Paes proibir, oficialmente, o funcionamento da feira.

Ali em Acari, todos os ambulantes são irregulares. A gente detectou essa prática onde o tráfico e a milícia se utilizam do espaço do chão para obter vantagem indevida. São criminosos querendo se fazer de donos do chão. Acari ainda tem um agravante de que não é só a cobrança indevida, mas, em via de regra, as mercadorias são fruto de roubo de carga  afirma o secretário da Seop, Brenno Carnevale.

Segundo Carnevale, a ação é apenas o primeiro passo de uma agenda de segurança pública que a pasta vem adotando:

O momento é de freio e arrumação. Proibição total. A nossa intenção também é acabar com essa cobrança indevida. A gente se depara com pessoas que, de um lado, estão cometendo infração, mas, do outro, estão sendo exploradas de forma covarde por esses criminosos. Os valores variam. É inadmissível ter o espaço público loteado pelo crime organizado ou pela milícia. O que a gente pode fazer por parte de segurança é asfixiar também essas quadrilhas.

Velha conhecida das autoridades, a Feira de Acari viralizou recentemente. Nas imagens que circulam nas redes sociais, ambulantes aparecem oferecendo produtos com preço bem abaixo do mercado. O grito de um vendedor atrai a atenção entre as barracas. “Se é roubado, não sei, mas juro por minha sogra que não fui eu”, brada o feirante, mostrando ar condicionado do modelo split.

No último domingo, a feira foi novamente montada, mas com pouca movimentação. As fortes chuvas que atingiram a cidade na semana passada e alagarem a região após o transbordamento do Rio Acari, afetaram quem mora e trabalha na localidade.

‘Estruturas pré-montadas pelo tráfico’
 
A Seop monitorou também a ação dos traficantes. Nos sábados, durante a madrugada, entre meia-noite e 1h, “os meninos”, como são chamados os traficantes que descem da comunidade para montar as barracas, começam os trabalhos. As mercadorias roubadas vão chegando aos poucos e sendo colocadas no meio da rua e na calçada. Toda negociação de preço é feita na hora. Já a venda de animais silvestres é um negócio à parte. Tucanos e outras aves são ofertadas por R$ 6 mil.

O mercado a céu aberto é um antigo conhecido das autoridades e seguia funcionando a pleno vapor, comercializando produtos com preços muito abaixo do valor de mercado. Irregular, a feira já foi apelidada de “roubatudo” e “robauto”, por vender peças de veículos roubados.

O relatório da Seop detalha ainda práticas criminosas como a vendas de eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos, animais silvestres, alimentos não perecíveis, medicamentos, calçados, venenos para ratos e roupas de lojas de departamento pela metade do preço que consta na etiqueta. Também foi observado em vários pontos furto de água e energia elétrica. Além disso, na Praça Virgínia Cidade, em Coelho Neto, há quiosques irregulares, muitos carros estacionados de forma irregular e barracas de churrasco funcionando sem autorização.


 

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