Chefe de grupo paramilitar foi anunciado como um dos alvos prioritários das forças de segurança pelo governador Cláudio Castro.
A Polícia Civil do Rio prendeu, na noite desta terça-feira, o miliciano André Felipe Mendes. Ele é primo de Danilo Dias Lima, o Tandera, chefe de um dos grupos paramilitares que vem travando uma violenta disputa por território com bandos rivais, sobretudo na Zona Oeste da capital e na Baixada Fluminense. Localizado em Ramos, na Zona Norte, Mendes é apontado como operador financeiro da quadrilha do parente.
A prisão acontece um dia depois de uma série dos ataques de milicianos na Zona Oeste, que deixaram 35 ônibus incendiados e um rastro de destruição na região nesta segunda-feira. A ofensiva foi uma retaliação de criminosos após a morte em confronto com a polícia de Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu e sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, comandante da maior milícia do Rio, grupo inimigo ao encabeçado por Tandera.
O anúncio da captura de André Felipe foi feito pelo governador do Rio, Cláudio Castro, nas redes sociais. “Acabamos de dar mais um golpe duro na milícia! Policiais civis da Draco, Polinter, DRE e Core prenderam agora há pouco o operador financeiro da milícia do Tandera, em Ramos, na Zona Norte do Rio”, escreveu o perfil oficial do titular do Palácio Guanabara.
Na véspera, durante entrevista coletiva concedida em meio aos ataques, Castro colocou Zinho e Tandera como dois dos três alvos prioritários das forças de segurança do Rio. “Zinho, Tandera e Abelha: não descansaremos enquanto não prendermos”, afirmou. Abelha é o traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, um dos membros mais importantes, fora da cadeia, da cúpula da maior facção fluminense.
Primo do suspeito capturado nesta terça-feira, Danilo Dias Lima traz tatuado no peito o Olho de Tandera, símbolo dos Thundercats, seriado de animação que fez sucesso no Brasil em meados dos anos 80. Além dele, de acordo com informações obtidas pela polícia, seus principais aliados fizeram o mesmo desenho na pele.
Antigo parceiro no crime de Zinho, Tandera rompeu com o grupo e, ao lado dos próprios comparsas, começou a invadir territórios sob domínio do ex-chefe, passando a controlar regiões de cidades como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu, todas na Baixada Fluminense. O paramilitar é conhecido pelo estilo bélico e pela brutalidade com que busca perpetuar suas atividades criminosas.
Em denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra a milícia comandada por ele, foram incluídos vídeos, imagens e relatos da extrema violência. Entre os registros, há cenas de decapitação, assassinatos a tiros, amputação, humilhação e zombaria diversas das vítimas.